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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O meu pé de chuchu...

Hoje vou escrever sobre uma experiencia pessoal, corria o ano de 1982, quando por questões familiares nos mudamos para uma casa novinha em folha.
Possuía um quintal razoável; atendidas as necessidades imediatas, me ocorreu o grande desejo de aproveitar aquele espaço, e fazer algumas coisas do tipo plantar e criar algumas galinhas e marrecos.
Como sabia de antemão que o passo dado, de adquirir aquele imóvel, iria nos meses vindouros provocar um aperto financeiro, o objetivo era dotar a terra existente, lá nos fundos, de uma pequena horta, que nos ajudasse a suprir a mesa,diminuindo a despesa de um custo muito significativo, alimentação, além de desfrutar de legumes e frutos saudáveis.
Optei por plantar um chuchuzeiro, com o pensamento obvio de logo obter não só os chuchus, mas também de usar os brotos do mesmo, que refogado, é complemento alimentar muito saboroso.
Plantei igualmente em canteiros preparados com muito esforço no lidar com da terra; cenouras e cebolas, o que representa uma associação de auto defesa, já que a cenoura afasta as pragas que atacam a cebola e vice versa.
A rotina da vida seguia o seu curso, as plantas com os cuidados necessários, ia indo muito bem.
O chuchuzeiro desenvolveu-se maravilhosamente; folhas de um verde escuro firme, e bom tamanho, denotando saúde; e acabou por preencher todo o muro que cercava o fundo do quintal, cerca de uns vinte e cinco metros lineares, com uma altura de um metro acima do muro.
Mas as rotinas do dia a dia não me fizeram notar que já havia passado sete meses, e o dito chuchuzeiro tinha muitas folhas...mas nada de frutos.
Crescera tanto que suas ramas caiam ao solo e que os marrecos comiam seus brotos, provocando um efeito interessante, ao longo de todo o muro o dito chuchuzeiro estava podado caprichosamente a uns cincoenta centímetros do solo acompanhando as irregularidades do terreno, até mesmo em uma escada, cujo desenho de corte acompanhava o desenho dos degraus.
Em um sábado, dia em que eu não saia para trabalhar, foi que notei que o dito pé de chuchu embora forte e saudável, não tinha produzido um só fruto sequer.
Fiz uma minuciosa inspeção e não localizei uma mísera flor.
Quando voltando para dentro de casa, ao passar pelo local onde se originava todo aquele viço chuchural, parei, olhei para a planta e disse em tom alto...
-Se em uma semana você não me der um fruto, eu te arrancarei pela raiz.
Entrei tomei o meu banho, comentei o o fato com minha esposa, e os demais, riram de minha atitude de ter falado com uma planta.
A semana transcorreu tranquila, no sábado seguinte, lembrando do que havia dito, fui logo cedo inspecionar o indigitado chuchuzeiro que para minha surpresa estava todo esbranquiçado de tantas flores que nele havia...
Tomei um susto, agradeci a Deus, pois aqueles frutos estavam vindo em hora muito propicia.
A partir de então não tínhamos mão para colher chuchus, que em alguns momentos de maior aperto transformei em dinheiro, vendendo-os, até descobrir que estava sendo roubado. Alguém estava colhendo os meu chuchus, e eu ficando sem nenhum. Montei um esquema para apanhar o indigitado ladrão de chuchus.
Deparei-me com uma senhora de lá seus sessenta e poucos anos, saindo do terreno ao lado com duas enormes sacolas repletas de meus chuchus, logo mas primeiras horas da manhã.
Pega em flagrante, a senhora arriou as cestas no chão e se justificou.
-Eu trabalhava como doméstica, mas fui despedida; eu vi a quantidade de chuchu e pensei eu posso apanhar alguns e vender para ter um dinheirinho... respondi-lhe, até ai tudo bem, mas a senhora está levando todo o meu chuchu de tal maneira que não está sobrando nenhum para que eu possa usufruir.
A senhora se prontificou a me devolver uma cesta e prometeu não apanhar mais os chuchus e ir buscar outra forma de arranjar um dinheirinho para viver.
Conversando fizemos um acordo, ela iria apanhar todos os chuchus que estivessem para o lado do terreno fora da cerca, respeitando todos os que estivessem para o lado do meu quintal do lado de dentro da cerca.
A senhora abriu um sorriso, me abraçou, eu peguei de sua cesta meia duzia de chuchus, e tocamos nossa vida por quase uns dois anos; ela apanhando os chuchus do lado de fora da cerca e eu os do lado de dentro, até que notei que do lado de fora nasciam mais frutos do que do lado de dentro, mas isso foi coisa de Deus, afinal os que nasciam do meu lado eram mais que suficientes para as minhas necessidades.
Depois desse tempo cerca de dois anos e meio ou três, não me ocorre o certo, não mais vi aquela senhora, que julguei por certo ter arranjado uma fonte de renda melhor, mas notei que o pé de chuchu, definhou e secou.
Não quero fazer liações nenhuma sobre esse ocorrido lá ao longe da minha história de vida, mas sei que esse fato, assim sem nenhum comentário, nos deixou mais certos de que existe uma providência, e que verdadeiramente Deus não desampara seus filhos.
Como até os dias de hoje nunca me desamparou, louvado seja o seu nome.
Na foto acima estou eu redigindo esta publicação e alí atrás minha neta cuidando de três Cambacicas, que caíram de um ninho...


Deus tenha piedade de todos nós.

E tenham presentes:

V.D.M.I.Ae.