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sexta-feira, 1 de abril de 2011

O pão nosso de cada dia...




Quando jovem, - isso há um bom tempo atrás, pois já concluí setenta e uma órbitas e um terço neste planeta, - de família cristã, frequentadora da igreja envolvida no trabalho da mesma no sentido de propagar a boa nova, e indicado para coordenador da juventude local.
Nos idos de não me lembro bem quando, a igreja local, lá na periferia de São Paulo, mais exatamente em Vila Aricanduva tínhamos então uma Escola Dominical com frequencial de aproximadamente cento e cincoenta pessoas em média, para um total de cerca quarenta ou cincoenta membros.
Começou a causar-me estranheza, alguns questionamentos de então, inclusive uma compulsão em alguns membros em procurarem saber se, no meu caso:
“-O irmão tem o Espírito Santo?, pois é preciso ter o Espírito para ficar a frente do trabalho...”
“-O irmãozinho já falou em língua estranha?, não!, o irmão precisa orar mais,buscar a Deus é necessário mortificar a carne para agradar a Deus...”
Como já coloquei em outra publicação anterior, muitas vezes aos Domingos por ocasião do almoço, acabavam por se reunir em casa, alguns pastores, metodistas, presbiterianos e até mesmo o Padre Matheus, que desfiavam uma tertúlia, muitas vezes pouco inteligível para o jovem que então eu era..., lembro bem do acordo, no essencial, concordância, no acessório tolerância e respeito, e que cada um orasse pelo outro , e assim era.
Ouvia muito, acredito que muito do que hoje penso, veio daquelas tardes agradáveis...
Éramos uma família, nossos vizinhos todos católicos, nos respeitavam como protestantes.
Em um dado período ouvíamos o questionamento de como orar? de que forma, quantas vezes, clamor, assim, assado... não conseguia entender tantas dúvidas e formalidades, sempre ouvi desde onde a memoria pode alcançar, que Deus é pai.
Na minha cachola a coisa se resumia a eu não me ajoelho para falar com meu pai, quando quero lhe pedir alguma coisa eu não choro, não grito, não me desespero, eu apenas peço e inssisto; se ele julgar justo me atende e pronto, se não, não me atende e algumas vezes explicava a razão do não atendimento.
Era e é assim que entendia a oração a ponto de um dia em uma aula de E.D, ter contado uma ilustração que vou transcrever:
"Em um escola de teologia havia um senhor que cuidava dos jardins da escola, é era tido por sua bonomia, educação e respeito para com todos, tendo sempre uma palavra apropriada para cada situação e pelo cuidado que dedicava as plantas, que sob seu cuidado desenvolviam-se sempre muito viçosas, como um verdadeiro cristão, que gozava da presença do Espírito Santo em sua vida.
Assim é que um dia um grupo de estudantes discutindo sobre eficácia da oração, lembraram-se do jardineiro, devia ser um homem com intimidade com Deus. Isso posto decidiram saber como o jardineiro orava, depois de muito pensar decidiram se colocar no forro do seu cubículo na escola para ver como ele, o jardineiro, orava.
Dito e feito, um fim de tarde após o jantar, um deles se aboletou no forro do quarto e mediante um pequeno furo existente podia vislumbrar o quarto todo.
Lá pelas tanta adentra ao quarto o jardineiro, aproximasse de sua cama, diz em voz clara e alta, voltando seu olhar para cima :
-Senhor meu Pai, boa noite... deitou, se cobriu e apagou a luz.
O estudante que estava a observar ficou pasmo... como?? não conseguiu dormir aguardando o amanhecer... foi uma noite longa...
Lá pelas tantas, ainda não saíra o sol, o estudante ouviu um despertador... se posicionou para espreitar o jardineiro.
O homem acendeu a luz, e o estudante pode ver, o jardineiro colocou os pés no chão calçando seus chinelos e voltando-se para o alto, disse em voz clara:
Bom Dia meu pai, obrigado por esta noite, levantou-se ato contínuo e saiu do quarto.
O estudante amarfanhado por uma noite mal dormida procurou sair dali o mais rápido possível, correndo ao encontro dos colegas para contar a grande novidade...
-Vocês não queiram saber... esse homem não faz oração alguma...
-Como não faz oração! homem tão abençoado, não pode ser!!
-Eu explico, antes de se deitar ele olha para o alto e diz apenas, “Boa noite meu pai” mete-se debaixo das cobertas e principia a roncar em seguida; eu é que não pude pregar os olhos.
Pela manhã, levanta-se e diz apenas “Bom dia meu pai”, e mal agradece pela noite dormida.
Foram incontinente questionar o referido jardineiro que iniciava sua faina diária, cantarolando hinos.
-Pois não meus filhos, o quê vocês desejam saber...?
-O senhor pelo que pudemos saber, (não podiam confessar a indiscrição da espionagem), não faz orações formais ao nosso Deus, como pode então ser tão abençoado?
-O jardineiro que já desconfiava da indiscrição dos rapazes, explicou que ao ir dormir, dirigia-se a Deus o pai, dando apenas um Boa noite, pois isso era a finalização da oração que ele fazia durante todo o dia de trabalho, pois aproveitava em quanto trabalhava com a plantas, para conversar com Deus, não vendo necessidade de incomodar Deus com mais algumas palavras, além das que já havia dito a Deus ao longo do dia.
E pela manhã inciava a conversa (oração) com Deus, de maneira civilizada, dando-lhe um Bom dia."
Pois é, me ocorreu o texto Mateus 6:5 e seguintes...
Estava pensado em o que publicar quando me ocorreu a lembrança essas formalidades que os Pais pastores, lideres de dúzias e outros lideres impingem a esse povo que busca Deus em formalidades, rituais, sacrifícios e outras bobagens do tipo; e se esquecem que o Pai pode ser encontrado na Bíblia...
Acordem, que ainda é tempo.

Deus possa ter misericórdia de nós.

V.D.M.I.Ae.