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domingo, 13 de abril de 2014

Lembranças de um passado recente, que teima em vir a tona da memória por me da cá esta palha...


Oi meus caros leitores, (ainda tem gente que despende seu tempo a ler este velho cutruca), fico-vos profundamente agradecido, pois nesta quadra da vida, quando estou me aproximando da setuagésima  quinta órbita nesta linda nave, que a continuar como anda logo não teremos espaço para por os pés de tanto lixo jogado por aí; voltando aos fatos, fico-vos grato por ter quem me ouça, melhor seria ler?
Bom a verdade é que com essa enormidade de órbitas, quando a memória nos socorre, temos um cabedal de lembranças  que se  enovelam entrecruzam, desaparecem, ressurgem, mas não nos deixam, como se fossem fantasmas de ontem fazendo-se presentes hoje.
Nestes dias de efervescência  de amoralidade em meios religiosos e políticos, de mentiras deslavadas, de absoluta cara de pau, de homens e mulheres que deveria ser paradigmas  de condutas, mas o que vemos, chicanas, mentiras, meias verdades. Exemplo escarrado e cuspido disso é o Loligo sampaulencis, a dizer que o ParTido deve defender a PeTrobras, mas cabe perguntar, quem foi que a lançou no caminho da derrocada de décima segunda maior companhia para o centésimo vigésimo  lugar? Por acaso fui eu na minha cutruquisse?
Nesse enevoar de recordações, está vivo e insistindo para sair da memória e vir para este espaço físico e se dar a conhecer um fato que ocorreu  por volta de dois mil e três. Vamos a eles:
Quando me mudei para cá  onde me homizio(1) a maior parte do tempo, conheci um vizinho, recém casado, que era engenheiro da então  Petrobras.
Ele era um fanático do ParTido, de tal forma que embora recém conhecidos, ele fazia questão de atazanar minha paciência com:- "eu iria ver quando o seu ParTido ganhasse  a eleição presidencial, eu iria ver o que  era um governo, que não iria permitir negociatas e ou chicanas como até então fizera o governo do (Fora) FHC".  A atazanação tomou tal vulto que me vi na contingência de lhe pedir que aguardasse a eleição e caso o seu ParTido  viesse a ganhar, depois de seis meses nós voltaríamos a comentar algo.
Quer me parecer que meu vizinho não gostou muito da coisa toda de sorte que  desde então não mais nos falamos.
Isso foi contabilizado como os desencontros dos horários, de cada um dos dois.
Passados seis ou sete meses (aqui a memória me falha), em um cair de tarde, ouço palmas no portão, e uma voz a chamar:
-Professor ! professor.
Sai para atender e eis que  la estava  meu caro vizinho engenheiro.
-Professor preciso conversar com o senhor, dá pra me  dar uns minutos de atenção?
-Claro, claro, sempre que você julgar necessário, respondi não atinando o que poderia ser.
Então ele desfiou a sua fala:
-Professor eu devo lhe pedir desculpas... interrompi:
-Em razão do quê?  Não vejo nada para tanto!
-Eu explico, lembra de nossa conversa de um tempo atrás  na qual o senhor me pediu que esperasse o ParTido ganhar a eleição e que  depois deveríamos conversar, pois é professor, é por isso que estou pedindo desculpas.
Pois veja eu trabalho na PETROBRAS há tanto tempo, até antes do governo do FCH, que o partido dizia que queria vendê-la, mas eu devo confessar que durante os oito anos  desse governo, ali na unidade onde trabalho e trabalhei este tempo todo, nunca entrou um funcionário, seja la qual fosse sua função sem que tivesse prestado concurso para o cargo.
Pois é professor nestes últimos seis meses  entraram bem vinte e cinco engenheiros, indicados pelo ParTido, aos quais eu tive que treinar.
Além de serem engenheiros civis, la nós precisamos de engenheiros mecânicos, engenheiros de manutenção ou formados em engenharia química, esses tais indicados ainda lhes faltava a experiência, já que a maioria era recém formada.
Eu estava errado em lhe atazanar enfatizando a lisura do ParTido; com sua experiência o Senhor estava certo ao dizer que os  mal formados lhes carece o caráter e o poder os corrompe...
Perdoe-me professor...
Paramos a conversa por aí, voltamos a falar de amenidades, mas ninguém me tira da cachola cutruca que foi aí que a Petrobras, mudou o logo para PeTrobras  e iniciou sua descida na escala de importância  mundial como empresa, e hoje esta envolvida em maracutaias(2) mil, em detrimento do Brasil...
Lembranças de um passado recente, que teima em vir a tona da memória por me da cá esta palha...(3)

A única coisa incorruptível e imutável é

V.D.M.I.Ae.



(1) Homizio =  me escondo.
(2) Maracutaias = Gír. esp. Conluio prévio e desonesto para que um jogo ou competição termine com um resultado, favorável àquele a quem convém sair vencedor.
(3) me da cá esta palha = expressão popular significando"por qualquer coisa"