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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fé bíblica, ou fé de muletas que nos pregam os sevandijas ?


A propósito da publicação anterior, a respeito de dois jovens terem identificado a imagem criada por dobras do tecido de uma meia, que com uma particular iluminação os fez  ver o rosto de Jesus, inclusive levando-os a pensar em criar uma capela para colocar ali a referida meia; coisa que segundo a notícia não fizeram  pois ao moverem a meia a imagem desapareceu.
Essa atitude tem levado em algumas oportunidades a uma peregrinação, inclusive com testemunhos de que as imagens vislumbradas sejam milagrosas,  etc, etc.
 Caso alguém que leu a publicação na qual faço um jogo muito sem graça, a bem da verdade, com uma igreja, que há algum tempo vem engrupindo incautos com a venda de meias (ponto de contato de fé), pois o ocorrido poderia lhes assegurar um maravilhoso gancho de marketing para incrementar a venda das ditas meias.
Como em outra publicação asseverei que os sevandijas do passado, século XVI, me pareciam mais honestos, a luz do que fazem hoje esses pastorastros, quando vendiam documentos assinados e chancelados por autoridades eclesiásticas, portanto documentos juridicamente hábeis, para arrecadar dinheiro, na época para a construção da Basílica de São Pedro - Roma, além de financiar o fausto das cortes da santa sé romana, alias coisa não muito diferente do que ocorre hoje, com carnês para financiar a construção de Grandes Templos e ou manutenção de helicópteros e aviões para divulgação do dito por eles, evangelho.
E pensar que Jesus para entrar triunfalmente em Jerusalém, para ir de encontro com a Cruz, teve que se socorrer do empréstimo de um burrinho, sim emprestado, leia em  Marcos 11-1 a 3, e atentem para o versículo  3. Não acredite em mim vá la na Bíblia e leia. Ainda, existem sevandijas pregadores da prosperidade dizendo, que o burrinho era o Rolls royce da época, mas não atentaram para o fato de que Jesus não possuía um, teve que pedir emprestado; muito provavelmente de algum  fariseu.
Bom isso já é quase outro assunto, voltemos ao tema, se alguém por curiosidade clicou no link logo no título, e ao ir à fonte do artigo do Jornal inglês “ The Thelegraph”, e explorou as demais imagens, pode ter notado que algumas pessoas viram coisas diferentes em manchas; alguns, o rosto de Jesus Cristo, outros, a imagem de Maria e outros ainda o nome do profeta do Islam. e mesmo a escrita do nome Deus em letras de  sua cultura.
Com certeza podemos dizer que diante de uma mancha qualquer, estaremos aptos a ver, enxergar ou intuir a imagem que mais nos fala culturalmente.  Os protestantes e cristãos poderão ver o rosto de Jesus, os católicos verão a imagem Cristo ou de Maria e os muçulmanos verão os escritos do nome de seu profeta e ou de Deus (Allah), الله  e assim com qualquer pessoa de qualquer cultura, verão imagens que lhes sejam afeitas.
A coisa não é novidade alguma, vemos a seguir um texto de autoria de nada mais nada menos do que Leonardo Da Vinci, que dispensa maiores apresentações, O livro de onde retirei o dito trecho é a tradução do italiano, feito em 1651 dos manuscritos do ilustre artista mantidos na Biblioteca Barberini e publicada em Paris .
Nessas lições Da Vinci orienta os novos pintores a buscar inspiração para a criatividade de novas imagens, sugerindo-lhes buscá-las nas manchas de paredes úmidas, o texto é claro, a minha  tradução é que pode deixar a desejar, perdoem-me por isso.


“Modo de avivar el ingenio para inventar
Quiero insertar entre los preceptos que voy dando una nueva invencion de especulacion, que aunque paresca de poco momento, y casi digna de risa, no por eso deja de ser muy util para avivar el ingenio a la invencion fecunda: y es, que cuando veas alguna pared manchada em muchas partes, o algunas piedras jaspeadas, podras, mirandolas com cuidado y atencion, advertir la invencio y semejanza com algunos paises, batallas, actitudes prontas de figuras, fisionomias extrañas, ropas particulares y otras infinitas cosas; por que de semejantes confusiones es de donde em ingenio saca nuevas invenciones.”
Página 33 item 16 do livro “Tratado de la pintura de Leonardo Da Vinci- tradução do italiano de Diego Antonio Rejon –Editorial Y Libreria Goncourt –Buenos Aires -1975.
Tradução mal e porcamente feita:

“Como reavivar a capacidade para criar
Eu quero inserir entre os preceitos que eu estou dando, uma nova ferramenta de especulação, embora pareça de momento pouco, e quase digna de riso, não por isso ela deixa ainda de ser muito útil para reviver a engenhosidade fértil para a criação, e é, que quando você vê um muro manchado (pela umidade) em muitas partes, ou pedras jaspeadas, você pode, olhando com cuidado e atenção, observar (que as manchas) apresentam semelhanças com paisagens, figuras e algumas imagens, como batalhas, as atitudes de figuras humanas, fisionomias estranhas, roupas particulares e outras imagens infinitas, por que de semelhantes confusões é de onde a sagacidade saca novas criações.”

Mas nós, ate mesmo pessoas cultas corremos atrás do improvável, do misticismo, de explicações, justificações  para nossas angustias e ou frustrações interiores, ao invés de nos contentamos com a fé biblicamente definida em Hebreus 11, principalmente pelo que esta expresso no versículo um:

... Ora a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem
.
Só isso não basta, precisamos de muletas:- rosas, chaves, lenços, meias, punhados de terra de Israel, de vidrinho de água do rio Jordão, não sei como ainda não tentaram vender pedaços da túnica usada por Lutero, a boina de Calvino e coisas que tais

Com muita tristeza constatamos que, em que pese o enorme sacrifício feito por Jesus no calvário, ter sentido em sua cabeça os espinhos da coroa a Lhe perfurar o couro cabeludo, o que causa uma dor ingente, sentir os cravos perpassando seu pulso, sofrer dores indizíveis da câimbra em todo seu corpo por sua posição na cruz e ter sentido sua sede amenizada com o ácido do vinagre, para poder dessa forma, resgatar os nossos pecados e  nos oferecer a salvação, não só para o aqui o agora, mas a salvação da vida para a eternidade.

Ainda nos esquecemos rapidamente do enorme custo de vidas na luta para restabelecer a verdade do evangelho no século XVI mas hoje nos esquecemos desse grande feito para o restabelecimento da verdade, da luz, e tudo isso é muito triste e preocupante, aonde iremos parar?

A fauce do inferno esta aberta, escancarada e os incautos estão sendo para elas arrastados com promessas que mais configuram estelionato, com ofertas que não estão consignadas na Bíblia.

Esperamos que Deus possa ter misericórdia de nós, apesar de nós mesmos.
A única coisa certa é que:
V.D.M.I.Ae.