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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Quem diria ! Eu "avis rara".


A cada dia que passo na superfície desta magnífica casa espacial que o Sr nosso Deus houve por bem criar para nos colocar e confiar ao nosso cuidado, agora que já estou por completar as setenta e três órbitas me sinto um pouco uma “avis rara subalbida”.

Eu explico, depois de tanto tempo decorrido em meio a um mar de gente, no serviço, trabalhando e por um longo tempo chefiando, portanto responsável por muitas coisas e pessoas, tendo que harmonizar interesses individuais, com objetivos de interesse do grupo, política da empresa, recebendo toda a sorte de pressões, buscando tornar bastante agradável o local de trabalho nunca esquecendo que ali estavam pessoas havidas de sucesso a todo custo, inclusive em pisar-nos outros, tendo que conciliar coisas como férias (todos querendo gozá-la no verão) tendo que atender a todos inclusive a empresas. Nunca foi possível atender a todos, pois somente quatro poderiam sair de férias em um determinado mês.

Quando adquiri meu primeiro posto de mando, me velho pais cuja memória procuro reverenciar chamou-me à parte e disse:
--Mandar, qualquer idiota pode fazer; chefiar exige sabedoria e respeito.
Assim sempre me conduzi.

Entendia então, como alias, ainda entendo que religião é uma coisa que tem que fazer parte intima do meu ser.

Religião nunca foi sob minha ótica algo para ostentar, tabuleta para se pendurar na roupa, não era algo que possuía regras exclusivas e excludentes, as famosas regrinhas do pode e não pode,

Religião não era para mim, e para aqueles de quem bebi ensinamentos, algo que me distinguisse dos demais, eu sempre entendi que tinha por obrigação ser o sal do mundo, sinceramente, nunca consegui em uma refeição bem equilibrada e saborosa; ver o sal, mas senti-lo deliciosamente se misturando com os sabores particulares de cada um dos alimentos.

O que nos era frisado que a santidade era uma caminhada, um crescimento, um objetivo a ser alcançado, não era algo imediato e ou instantâneo.

Deus era nosso pai, por adoção através de Jesus Cristo, nosso salvador, se assim o aceitamos, a nossa vida continuava sob nossa responsabilidade pessoal, as perguntas que nós os jovens fazíamos, não eram do tipo:
Posso beber?  Posso fumar?   Posso me tatuar?

Recordo-me muito bem que a construção das perguntas era diferente;

Convém que eu beba? É conveniente que eu fume? Qual a consequência de fazer uma tatuagem?

Quando me dirigia a meu pai, na busca de um dialogo, não o fazia com posições pré-estabelecidas como o fazem o jovens de hoje (dez anos como professor, respaldam essa minha visão).

Alguém que esteja neste momento lendo estas mal digitadas linhas poderá não concordar, alegando que essa era uma atitude pessoal, eu posso e vou negar isso, tínhamos nosso grupo de amigos e era assim que agíamos e pensávamos.

Nossos pais, o padre e ou o pastor e nossos conhecidos mais velhos eram pessoas nas quais depositávamos muito respeito.

Lembro-me de uma tarde quando me aproximei de um grupo de amigos de meu irmão, tinha na época uns oito anos de idade, e  é bom lembrar que entre meu irmão e eu haviam nove anos de diferença; ao me aproximar do grupo que ria a bandeira despregada, um deles me estendeu uma foto pornográfica na qual como é evidente me liguei.

Um dos amigos de meu irmão, o Joaquim, arrancou a foto de minhas mãos de dando um enorme empurrão no rapaz que havia me passado a foto acrescentou:

-Pô fulano (não me ocorre o nome) como você faz uma coisa dessas, ele é apenas uma criança, e acrescentou dirigindo-se a meu irmão, e você não faz nada? Que respeito você tem pelo seu irmão pequeno!

Isso por si só já demonstra a forma de pensar respeitoso que mantinha a sociedade de então, e cabe notar que na época os evangélicos não passavam de sete a dez por cento da população.

O que temos hoje nesse arraial chamado de evangélico, o desrespeito, a sevandice, a exploração, a falsidade, a mentira, não me venha criticar, pois um bispo que afirma que se você diz que aceitou Jesus e dá o dízimo, deus é obrigado a atender tua oração, ele não faz outra coisa senão faltar com a verdade?

O que para justificar a defesa de seus interesses diz que Jesus é o dizimo de Deus... O que ele é senão um enganador? Dizimo de Deus, dado a quem? Ao diabo? E acreditem é o mesmo que fez a afirmação grifada no parágrafo acima.

Afora o outro tele pregador que diz com todas as letras que Deus não se vende, e que não podemos comprar a deus...faz sua arenga, e em determinado momento pede o testemunho do irmão PATROCINADOR, e tome declaração de que:
“Depois que eu patrocinei meu filho, (patrocinou o filho ou o pastorastro?) deus me abençoou e três dias depois arranjei um emprego”.
“Eu comecei a patrocinar e uma semana depois deus me livrou de uma doença que eu já tinha há três anos...”.  E por aí vai.

E um mundo de outros mais anônimos que auto se intitulam “Apóstolos” Patriarcas proféticos do fim do mundo ou de uma mudança de rumo espiritual na data tridua de 12/12/12, tão a gosto dos gnósticos.
“Por minhas posições, e pelas setenta e três órbitas que tingiram minhas parcas guedelhas (1) de branco é que me sinto uma avis rara subalbida” uma ave rara esbranquiçada, a cada dia menos merecedor de crédito, pela péssima cultura de desvalorizar as cabeleiras “subalbidas”.

Tenho depositado algumas ideias estapafúrdias ou neste pedaço, tenho visto pelo registro das estatísticas que em alguns lugares desta linda nave aos quais nunca poderia imaginar que esta sandice tem sido lida. A todos vocês que perdem seu tempo que estas interpolações, do fundo do coração que Deus, o criador, os abençoe abundantemente em suas vidas.

(1)  Cabelos desarrumados
.
E saibam todos que verdadeiramente a
V.D.M.I.Ae.

sábado, 1 de setembro de 2012

Deus, o hodierno dispensador logístico das "benças"?

(republicação revista)
Diante de tantas sandices vociferadas nos tele-púpitos, nos radio-púlpitos em meio a raras pregações do verdadeiro evangelho, aquele o da Salvação, não esses evangelhos neo-penteca, da prospera idade, não o evangelho pós-moderno, teologia da pobreza, da riqueza e sei mais lá o quê, às vezes me ponho a pensar, já que, ainda neste país, nunca ninguém pensou em tributar o pensamento, portanto pensar ainda é grátis, e como professor aposentado não posso me dar o direito de pagar por fósforo que seja... fora do orçamento que de tão estreito cabe em apenas uma linha do caderno de registro.
Pera ai, estou saindo ideia principal, voltemos a ela, em meio a tudo que citei ai em cima, me ponho a pensar:
-Como pode nossa ignorância ser tão imensa? -Como conseguimos ter memória mais curta que minhas rendas de professor (no Brasil, não sei como isso ocorre pelo mundão de Deus).
-Como pode, termos o orgulho de já contar com cerca de trinta milhões de evangélicos, principalmente em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, e ainda contarmos com cerca de vinte a trinta mortes diárias pela violência dita urbana. Só para entender a indignação façam o cálculo comigo: vinte por dia, vezes trinta dias, são seiscentos por mês, vezes doze meses, se me lembro bem de como calcular, pois faz tanto tempo que sai da escola, são sete mil e duzentos mortos por ano.
Repito são sete mil e duzentos mortos por ano, isso só de assassinatos em uma grande cidade, isso fora os atropelados no trânsito desta mesma cidade, aí o número de mortos por ano chega ao absurdo de dez mil e poucos mortos por ano.
Creio que não só eu, mas muitos estejam, estarão ou estiveram preocupados com isso, estamos vivendo uma época de extrema hipocrisia, extremos narcisismo, extrema alienação, em que a mulher não é para ser amada, mas pegada, ai se eu te pego, para fazer com ela o tchu tcha tcha, e deixar pra lá, estamos vivendo uma época em que o lema principal é: farinha pouca meu pirão primeiro.
Estamos vivendo um momento evangélico que queremos “Um milhão de dizimista” e não um milhão de convertidos; onde eu preciso de um avião de trinta milhões de dólares, mas não temos dinheiro para saúde pública, pois quem arrecada esses trinta milhões de dólares não recolhe impostos, (dízimos e ofertas são isentos de tributação), estamos em uma época que o governo distribui benesses com o dinheiro dos contribuintes, os de baixa renda principalmente;  para seus “amiguitos” e não cumpre o que a lei determina uma época que quando cumpro com minha obrigação, contrato marqueteiros, para decantar o meu trabalho como se fora algo extraordinário.
Mas não devemos estranhar muito tudo isso, pois a vida do homem é marcada por esses períodos de falta de lucidez histórica, e não é coisa deste século ou do anterior.
Não vou reproduzir, mas lembrar, quem leu seja na própria Bíblia ou em livros de história Bíblicas deve ter em mente, a saga dos Hebreus escravos no Egito, de Moisés comissionado para retirá-los do cativeiro, das peripécias necessárias para levar a efeito essa libertação.
Muitos desses Hebreus viram os milagres, os feitos realizados por Deus, viram o mar se abrir, passaram pelo vau do mar, viram a coluna de fogo e a nuvem que os acompanhavam dia e noite; sentiram a presença de Deus, mas ainda assim na primeira oportunidade, construíram seu bezerro de ouro, prostraram-se diante dele como se aquilo fora seu deus.
Assim ao longo da historia o homem vem se prostrando diante dos mais diversos deuses, o deus dinheiro, esse sempre esteve presente no histórico do homem.
Hoje é esse deus o mais cultuado, e dedicam-lhe uma logia travestida de theo, e são inúmeros seus seguidores, cultuadores e pastores que propagam suas ideias.
Como lá pelo século V, voltamos colocar Deus não como nosso pai celestial, mas como o administrador logístico e dispensador das benesses que temos direito, pois Ele mesmo prometeu, pois podemos segundo os sevandijas e sacripantas, podemos e devemos nos apropriar dessas promessas.
Hoje o templo é um amontoado de tijolos, vitrais, tapetes, cadeiras, aparelhagem de som, dos quais nós usamos para aos gritos  expor e ou exorcizar as nossas próprias mazelas, cultuamos “verdadeiros” adoradores, com luzes, brilhos, gritos e paroxismos, devaneios, desmaios, chiliques de toda a sorte a títulos de estarmos caindo no espírito, mas qual?
 Nosso corpo já não é mais o templo do Espírito Santo...
Contra instrução bíblica, marcamos nossos corpos com frases ditas evangélicas, usamos roupas (evangélicas*)) que declaram que somos soldados, guerreiros, gaditas e toda sorte de expressões vazias, em nome de que assim provamos pertencer a Deus.
Vendemos e compramos CDs e DVDs, lencinhos, meias etc. que nos abençoam, fronhas que no permitem sonhar com o reino, nos aproximam de deus, qual?  E nos permite assim receber as benções, quando ao que me consta, as bênçãos vêm do trono de Deus por sua livre e soberana misericórdia.
Vivemos em uma época em que achamos extraordinário, um homem que viveu por treze ou mais anos sofrendo de uma moléstia terrível, ter respondido a uma pergunta se sentia medo de morrer, disse sem titubear:
-Da morte eu não tenho medo, meu medo é da desonra (perder a honra, ser desacreditado, segundo o dicionário); e quer me parecer que os mega pastores e mesmo os de pequenas igrejas lideres de dúzias e toda sorte de sevandijas, nem consideram; honra o que é isso? O medo desses lobos travestidos é o perder o dízimo.
Disse esse senhor também em outra oportunidade a propósito de pergunta parecida que:
“Deus é soberano, se Ele quiser eu morro, Ele nem precisa do câncer para fazer isso.”
Seu nome: Sr. José de Alencar, nosso ex-presidente, recentemente falecido. E já esquecido na memória de minhoca do brasileiro, salvo raríssimas exceções...
Em ciclos vamos vivendo: “deixa a vida me levar, vida leva eu...”.
Quando vejo, ouço e vivo tudo isso; consigo vislumbra as razões para o crescimento par e passo dos que se dizem evangélicos e a violência urbana, o descaso da grande maioria dos políticos que nestes tempos de eleição, repetem os chavões de quinze ou mais anos passados, tais como: “eu vou lutar para a defesa da mulher, das crianças, e dos idosos”.” diz outro: vou trabalhar para melhorar o atendimento à saúde, por uma escola de melhor qualidade e a defesa dos desamparados.” Quando ouço isso reproduzido pelos trezentos ou quase isso candidatos a vereador em minha cidade , que tem cerca de dezenove vagas e de ter na memória que isso se repete há décadas, e nada mudou até o dia de hoje,e ainda por cima, ver pastores cedendo o púlpito para os discursos e ou apresentações vazias de programas políticos, pedindo votos. Diante de tanto descaso consigo compreender o chorar de Jesus Cristo por Jerusalém...
Vivemos uma vida divorciada da fé, em nossas manifestações, nos domingos, ou em dias de ir à igreja, nessas oportunidades somos religiosos, nos dias de semana, vestimos outras roupagens e vivemos outros interesses, quase sempre separados do cristão e ou louvadores que dizemos ser, este fica para nossa manifestação na igreja, fora dela, a vida é uma selva, quem pode mais chora menos, afinal, “eu não nasci para ser cauda”.
O coração chega a doer e os olhos marejarem...
Que Deus possa nos perdoar em sua infinita misericórdia.
Saibam todos que a verdade quer queiramos ou não é que:
V.D.M.I.Ae.