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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Reforma já! chega de lero-lero.(*)

Temos lido ultimamente em várias publicações, evangélicas ou não noticias a respeito de um avanço dos pastorastros a caminho da hegemonia do pensamento dito evangélico: -- Já tem um papa gospel, não vou citá-lo, pois se o dito cujo decidir acender a fogueira da inquisição contemporânea o primeiro churrasco serei seguramente eu, posto que fraco e desconhecido.
As profetadas estão ai a dar com pau. É o fim do mundo, arrebatamento, e novo esquema de gerir as finanças, da Igreja, de dizer que dízimo é obrigação, oferta tem que ser generosa e maior que o dízimo e outras coisas que tais, como ventos de prosperidade, dízimo antecipado... Vamos ficar por aqui.
Tem por ai até igreja fornecendo grátis, para os fieis uma planilha formatada para os fieis controlarem suas finanças com um item sob o título: Investimento no Reino com os subitens - Dizimo ofertas voluntárias, ofertas na Igreja, ofertas alçadas, ofertas na célula, etc, percebam o “Investimento” a sugestão subliminar de retorno, juros, vantagens... tem até igreja fazendo uma regulamentação farisaica do dízimo vide: http://www.arcauniversal.com/iurd/noticias/saiba_como_devolver_o_dizimo_corretamente-3522.html
A cada dia que passam eles os pastorastros, estão se revestindo de arrogância e truculência; não se espantem se dentro em breve ouvirmos que irmãos que questionam atitudes desses refolhos vierem a ser agredidos fisicamente, já que moralmente o são: “Por acaso o Senhor sabe mais que um pastor?”
Pois esses tais pastorastros descobriram que devem aumentar a sua cobertura guardachuval unindo-se em esquemas espoliativos dos incautos, às vezes me pergunto: Incautos? Ou pessoas que querem levar vantagem em tudo, até com Deus.
Isto posto, esperem; pois caso esses esquemas de controle de dúzias se desenvolver em regiões brasileiras nas quais a cultura das letras é apanágio de poucos, infelizmente iremos assistir acontecimentos estarrecedores.
Precisamos de uma nova Reforma da igreja...
Vou ousar no que vou afirmar, desde já deixo claro que não estou lastreado em tese, livros, pensadores, pastores, mestres e outro qualquer esquema, mas apenas somente em pensar, pensar, pensar... Não sou dono da verdade, mas sempre gostei e gosto que as palavras signifiquem o peso que elas trazem em si.
Dai, fui buscar a palavra REFORMA, encontrei: v. 1. Tr. dir. Tornar a formar; dar forma melhor e mais aperfeiçoada a. 2. Tr. dir. Mudar, no todo ou em parte; reorganizar, atualizar.
A afirmação a seguir pode parecer estranha, a primeira reforma, não aconteceu, a bem da verdade e da exatidão.
A igreja de plantão no século XVI não foi reformada.
A busca da reforma da igreja foi uma incessante e insistente, pelo menos desde o século IX; uma aspiração que persistiu por cerca de setecentos anos. Aqueles que nesses sete séculos lutaram se manifestaram em busca de um retorno ao evangelho que nos foi deixado pelo trabalho de Cristo; que não tentou reformar a antiga hierarquia religiosa de seu tempo, sacerdotes inocentes diante do que vemos hoje, mas veio cumprir a Lei e instalar o Reino, através de uma lei suave, o amor, primeiro pela aceitação da NOVA ALIANÇA, firmada com seu próprio sangue, mas nesse período de setecentos anos os que levantaram a voz contra os desmandos dos Patriarcas de então, foram queimados em Santas fogueiras inquisitoriais, e assim foi não só nesse período considerado, mas por muito tempo depois do século XVI.
Se atentarmos bem para a historia, veremos que a conjuntura, principalmente na Europa Central, propiciou a ação aos que desejavam uma reforma da igreja, e levantando suas vozes, encontraram um caldo favorável para a divulgação e efervescência dos ideais e idéias de pessoas como Lutero, Zwinglio
O fato de a Suíça e a Alemanha serem federações, onde os atos políticos eram, por norma, acertados em Dietas ou assembléias, reuniões dos nobres eleitores, por voto majoritário depois de amplo debate, permitiu que essas idéias da volta ao evangelho puro fossem debatidas e expostas.
O nascimento da imprensa que permitiu a divulgação dessas idéias em inúmeros exemplares ao alcance de muitos.
O nascimento de um grupo social que ia se enriquecendo com o comercio nascente e que em razão desse enriquecimento estava ávido de conhecimento e de estudo, o que anteriormente era privilégio de nobres e do clero, permitindo um campo fértil para a discussão desse novo ideário.
A publicação da Bíblia nas línguas nacionais, tornando-a mais acessível o povo.
Além desses fatos diria eu locais, tivemos ainda uma luta entre o Chefe da Igreja de Plantão com alguns nobres que almejavam hegemonia de poder, disputando no campo militar e no campo de intrigas e conchavos, que permitiu certa paz aos divulgadores dos ideais de uma reforma, até mesmo a ameaça de invasão por parte dos árabes nas áreas vizinhas, que fez com que o Imperador de plantão (Carlos V) tolerasse o desenvolvimento da reforma que ia se processando em algumas áreas na Alemanha e Suíça, em troca de tropas para atender a ameaça dos árabes.
Todos esses fatores propiciaram tempo e relativa liberdade para que se desenvolvesse gradativamente os conceitos de retorno ao evangelho puro no seio do povo. que logo depois de um tempo começou um desvio a rumos anteriores.
Nos locais onde o evangelho há muito sido pregado em sua simplicidade e força, este foi facilmente adulterado pelos sevandijas da época, fazendo pequenas alterações gradativas, torcendo lá e cá textos bíblicos, criando decretos, distorcendo documentos e ludibriando seus ouvintes, envolvendo-os com sutil esperteza.
Quero me dar à liberdade de pensar que muitas pessoas de então também se sentiam ludibriados, e descontentes com os abusos, mas submetidos pelo poder do clero, as ameaças de excomunhão, das ameaças das fogueiras e dos afogamentos os mantiveram calados até o século IX quando aqui e ali surgiam luzes da verdade que eram logo suplantadas pela luz das fogueiras santas...
Quando o evangelho penetrou na Europa central, ele já chegou eivado de vícios e deturpações da igreja de plantão, foi adotado pelo povo como verdadeiro dentro da forma que lhes foi pregado.
Quando os reformadores com seus artigos publicados e suas pregações começaram a espargir a verdade do evangelho permitiu ao povo confrontar o velho com o novo e a usar a Bíblia como pedra de toque, isso introduziu um oxigênio revigorador, no meio de uma fé anaeróbica de então.
Na Europa central houve uma reação forte e eficaz, a ponto de ser o século XVI um divisor da História dos homens... O Renascimento da liberdade das artes, da fé, da cultura, o obscurantismo mantido por uma religião que favorecia a superstição, foi sepultado no mundo
Faltou nesse período à pá de cal, que seria a REFORMA da igreja de plantão dita católica e romana.
Mas, o que verdadeiramente ocorreu foi um cisão com a igreja arcaica ainda envolvida em vícios, erros e desmandos que teve que varrer para baixo do tapete da Contra-Reforma.
O que surgiu foi igreja com o devido respeito Reformulada, pouco mais ou pouco menos, mas, com uma volta plenamente oxigenada pela liberdade responsável diante de Deus, uma nova moralidade, uma nova ética, a valoração do ensino e da cultura ao alcance de todos, ricos e pobres, homens e mulheres, e uma revalorização das relações político-sociais.
A igreja, aquela pregada pelos apóstolos que fora subvertida e açambarcadas pelos interesses e ganância de seus dirigentes teve que se adaptar aos novos ventos libertários para não ver a maioria de seus seguidores se bandear para o lado oxigenado da fé, fazendo ajustes, coibindo alguns desmandos, mas mantendo seus principais erros até os dias de hoje.
No arraial dos reformulados explodiu desde o principio o ego de alguns diante da liberdade propalada, e desmandos também foram feitos em nome de Deus.
A igreja dita romana era dominada por um poder centralizador e hegemônico, com um esquema clerical hierarquizado, prosseguiu perseguindo o evangelho verdadeiro pelo mundo de então, com o beneplácito de governos dominados por nobres flácidos de poder e de moral, para os quais o interesse pessoal valia mais do que tudo.
A Igreja reformulada, através de seus mais proeminentes pregadores, desde logo percebeu que o seu desenvolvimento e progresso, passaria necessariamente, pelo ensino, pela necessidade da criação de um povo minimamente desenvolvido nas artes culturais, aonde a necessidade básica e o saber escrever, ler, na língua nacional, previram também a necessidade de preparação das jovens mulheres preparando-as para uma vida plena na sociedade que se afigurava livre das amarras de um clero que até então haviam mantido a sociedade escravizada com ensinos extra-biblicos, lastreados em doutrinas eivadas de filosofismos distantes das verdades registradas nos evangelhos.
O século XVI sofreu um impulso tão grande que muitos historiadores que debruçaram seus olhares imparciais nesse período não se furtam em afirmar que todos os campos da vida humana foram permeados por um avanço, moral, político, e social tão grande, que o distingue dos séculos anteriores.
Mas a igreja de plantão hegemônica, que teve suas ambições contrariadas, mergulhou na busca de retomar seu antigo poderio, em alguns estados aonde a revolução efetuada com a bíblia e o ensino de todas as classes sociais, não fora suficiente forte para dominar a sociedade, se lançou em campanhas dominadoras através do que foi chamado contra reforma, inquisição, e outros processos que colocavam seus fieis que buscassem um pouco de luz espargida pela igreja reformada através de seus escritos, sob o foco da “justiça” de seus tribunais eclesiásticos. Foram acesas muitas fogueiras santas para corrigir os erros; segundo eles.
No arraial dos reformados, por não existir um poder centralizador, pois um dos sustentáculos do ideário dos evangelhos é o sacerdócio universal, e o Senhor da igreja, o Cabeça do corpo da igreja estar centrado em Jesus Cristo, mas iniciam-se nesse mesmo período os desmandos dos menos preparados para compreensão da liberdade obtida na cruz, promovendo toda uma sorte de desmandos em nome do evangelho.
Fatos esses que propiciaram a igreja hegemônica usar desse argumento para querer reafirmar serem a única igreja verdadeira, já que possuíam uma só doutrina, e tradição, segundo eles, seu chefe remontava a Pedro o apóstolo, um só comando, enquanto no meio dos evangélicos explodiam grupos pró isto ou aquilo.
Passados alguns séculos desde os gloriosos tempos da luta, verdadeira batalha para o retorno do evangelho, período que cobrou muitas vidas em defesa das verdades cristãs, em uma época de maiores liberdades sociais, estamos vivenciando momentos estarrecedores, onde a incultura, e a ignorância se alastra como erva daninha sem controle.
Uma escola ineficaz, pais não compromissados com transmitir valores sociais a seus filhos, interessados somente em formá-los para o enriquecimento, despidos de valores éticos e religiosos, uma sociedade que a cada ano entrega diplomas a uma multidão de analfabetos funcionais.
Só podíamos desembocar neste caos, político, social e religioso evangélico mercantilizado e arrecadatórios para a manutenção de programas suntuosos sob a mistificação de estarem pregando o evangelho, sim, mas qual evangelho?
Pastorastros que se quer disfarçam o luxo com que se vestem; os relógios de ouro que portam: os palacetes e os carrões, aviões etc., que possuem: que arrancam de um povo despreparado e enganado no tocante ao verdadeiro evangelho, que quando lhes é pregado, só lhes é dado conhecer textos retirados do seu contexto, ao sabor dos interesses dos pregadores.
Afora algumas seitas que vendo esvaziar seus suntuosos templos, mantidos a custa de engodos, e promessas vazias antibíblicas, apelam para pregações ameaçadoras, do tipo: “Não saia de nossa igreja, pois o demônio irá vos dominar”, citam ocorrências como o caso da queda dos prédios no Rio de Janeiro, como obra do capiroto para atingir ex-obreiro e ex- pastores.
Aonde iremos parar?  Sinceramente eu não sei.
Hoje tenho absoluta certeza, que a única, cabal e possível Reforma da igreja, hoje auto denominada evangélica, é tão simples e facilmente realizada, tanto que é considerada utopia, sonho louco.
A volta aos ensinos puros e simples do evangelho da nova aliança, é isso é coisa que não necessita de multidões, isso deve começar pelo templo reconstruído por Jesus Cristo na sua vitoria na Cruz, o templo no qual habita o Espírito Santo. Isso mesmo, a reforma tem que começar por mim que estou escrevendo, você que esta me lendo...
Isso mesmo é simples assim, e por ser tão simples é que se torna muito difícil, ou seja, é uma loucura, pois não depende de nada mais do que eu, comigo mesmo e o Sangue purificador de Cristo.
E a igreja, como fica?
Se você esta pensando em termos de corpo de Cristo, pense comigo, o corpo é constituído de células, que reunidas formam os tecidos, os órgãos, enfim o corpo, mas a analogia ainda vale, se uma só célula se corromper; no corpo teremos o tão temível e quase sempre fatal, câncer... E é isso que esta acontecendo no corpo como dizem visível da igreja.
Perdoem-me este exercício de angustia diante de tudo o que está aí...
Possa Deus ter ainda, misericórdia de todos nós.

Pois a única verdade é que:
V.D.M.I.Ae.

(*) Lero-lero = Conversa mole, ou sem sentido ou objetivo.