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sábado, 14 de abril de 2012

A propósito de fardagem evangélica


Há um tempo, e bota tempo nisso, eu chefiava um departamento de uma empresa e era responsável por certo numero de funcionários, pedíamos a todo que viessem trabalhar de forma discreta,
Mas a moda de então ditava saias, justas e as mais curtas possíveis, algo assim como uns dez ou dezesseis centímetros “abaixo das vergonhas”, como disse o primeiro comentarista de terras brasilis- Pero Vaz Caminha, (pergunta que me ocorreu agora, seria em razão direta desse sobrenome que somos tão indolentes?), deixa isso pra lá vamos ao caso.
Vez ou outra me sentia obrigado e constrangido a chamar uma ou outra funcionaria mais ousadinha, e solicitar-lhe um tanto de moderação, para que não houvesse alvoroço no local de trabalho.
Um belo dia recebemos, do RH duas novas funcionárias, uma com um vestido arrastando ao chão, fora isso blusas normais, a outra vestida quase sempre com roupas de golas altas e vestido ou saias que iam ate bem abaixo dos joelhos.
A primeira de saias arrastando ao solo, logo se fez entender que as vestimentas das demais moças beiravam a ofensa a ela que era “Cristâ Evangélica”, comentou ainda que sua outra colega embora se vestisse de forma correta era igualmente escandalosa, pois usava roupas de malha, um número menor que seu manequim normal. constatei o fato através dos comentários que chegavam até  minha secretaria.
A única coisa que me coube fazer foi alertar-lhes que minha função era cumprir as normas da empresa e cuidar para que não houvesse situações de desrespeito e que não admitiria qualquer nível de fuxico no ambiente de trabalho.
A funcionária que se vestia com roupas que mais pareciam costurado ao corpo, muito apertada que não se lhe escondia detalhe algum, soube-o por sua própria fala, quando um determinado dia havia comparecido para trabalhar com uma blusa com um pequeno decote em V , nada escandaloso, e que recebeu a visita do namorado, vindo até mim e pedindo licença para se ausentar por alguns instantes, o que olhe foi concedido.
Ao voltar, havia trocado a blusa com decote por outra de gola alta, mas quase dois números menores; estava chorosa.
 Indagada se estava se sentindo bem, desatou a contar que ela não agüentava mais os ciúmes do namorado que exigia que ela se vestisse de roupas fechadas do pescoço ao meio da perna, e que ela se vingava usando roupas de números menores que seu manequim, o que a bem da verdade a expunha mais do que se viesse com roupas “normais”
A coisa andou assim, as garotas fazendo caras e bocas para a Crente que se vestia bem somente com saias bem compridas, e vira e mexe dizia para que quisesse ouvir:
Uso este tipo de saia comprida para me diferenciar das do mundo.
O tempo foi passando ate que: a moda mudou, como soe acontecer, veio então o uso das saias longas ou longuetes como diziam.
Então todas elas ficaram iguais àquela a quem tanto olhavam de lado.
Belo dia a irmãzinha entrou em minha sala, altamente preocupada; colocando-me, como se fora eu um milenar sábio chinês:
Como eu vou fazer? Agora não há mais diferença entre eu que sou crente e as demais que são do mundo, a não ser pela desavergonhada que mesmo de roupa parece estar nua.
Não perdi a oportunidade de lhe dizer que primeiro, cuidasse de não chamar quem quer que fosse de desavergonhado/a, segundo que ela mesma descobrira que a maneira de vestir não era diferencial cabível ou necessário, que, o que aceitava Jesus deveria apresentar um diferencial em seu caráter, em seu comportamento, social, profissional, no respeito ao próximo fosse ele como fosse e inclusive no vestir sem extravagâncias, tanto para mais como para menos.
A garota que se vestia com números menores de manequim, igualmente veio me procurar para saber o que fazer, pois alguns funcionários de outras áreas a olhavam de forma que ela considerava indecente. Acrescentou que os colegas a respeitavam.
Dentro da maior delicadeza fiz lhe ver que não era de estranhar os olhares, pois sua forma de vesti marcava-lhe a figura,
Ela parece que resolveu o seu problema, livrou-se do namorado incomodo e passou a se vestir com a moda do momento, tão recatada ou mais que a irmãzinha crente.
 E a minha irmãzinha crente resolveu o seu problema, usando somente roupas de cor escura, para firmar sua posição de “evangélica”.
Uma pena, pois na época ainda não existiam irmãos que produzissem fardagem evangélica, como hoje...
Deus possa entender-nos e se apiedar de todos nós.
A única coisa certa e segura é que:
V.D.M.I.Ae