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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Saudades da Casa de meu Pai...



Em publicação anterior, coloquei um tema dos relacionamentos havidos e necessários desde o nosso nascimento.  Eu ousaria dizer ninguém nasce impunemente, o nosso nascimento sempre corresponde a um encargo e a um cargo, se atentarmos bem, não se trata de direito e dever, mas de responsabilidade e dever, responsabilidade pelo encargo, dever próprio do cargo.
Ninguém nasce para vir fazer turismo, como filhos temos sim, direitos, decorrentes do encargo de nossos pais... Pai... O que verdadeiramente é isso?...  Pai.
Infelizmente, mesmo os filhos mais dedicados aos pais, só percebem seu valor, sua monumentalidade na vida, quando eles se forem.
Caso você é religioso, no melhor sentido dessa palavra, e não tem esse encargo de sua vida, às ligeiras, poderá vislumbrar a importância do Pai e da ligação indissolúvel desse relacionamento (encargo).
Dai decorrem outras implicações, que podem comprometer nosso relacionamento com Deus, um relacionamento conturbado com o nosso genitor terrestre, fatalmente irá comprometer nosso relacionamento com nosso Pai, o criador.
O que estamos assistindo em nossas instituições? A começar pelo que chamamos de sociedade, seria melhor dizer aldeia?
Nossa aldeia é composta, quando não somente pelos parentes de sangue; suportando-se os agregados (cunhados, tios, nora, genro etc), e a muito custo, amigos que privam conosco das mesmas idéias, torcem pelo mesmo time de futebol.
A meritologia, no emprego, cede lugar à subserviência, no popular, puxa-saquismo, pelo “você tem que dar o sangue pela empresa” que em outras palavras quer dizer, ser explorado sem mugir nem tugir, ainda que seus filhos nunca te vejam, pois a empresa vem antes da família.
Isso em nossos dias entrou porta adentro da institucionalizada igreja, como diria um velho amigo de infância: cuja qual, não encontrou ata de fundação na bíblia, a menos que concorde com a tão combatida e combalida afirmação de que Tu és Pedro e sobre esse Pedro, desculpem pedra vou fundar minha igreja...
O que encontrei, é a afirmação de Jesus, aos apóstolos que estavam encantados com a magnífica construção do Templo em Jerusalém, “Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada”. Ah tá bom, dizem alguns, isso se cumpriu no ano 71 etc, etc, etc.
Também com certeza não foi sobre Pedro, pois a pedra angular rejeitada não foi este, mas Jesus,     de uma olhadinha ali em Efésios 2: 18 até 22; alguns que estão lendo o quê este velho professor está digitando aqui já devem estar a perguntar?
-Aonde esse ancião de setenta e duas órbitas terrestres e meia quer chegar com esse  blá,blá,blá?
Eu respondo, quero sufocar a enorme saudade do tempo em que ir a igreja era apenas encontrar os irmãos, o Orestes, D. Neide, o Daniel, a Ana Maria, D. Menininha, o Jorge, sua esposa a Santinha, e seus filhos, O Irineu, o Moyses e D.Teresa,, minha irmã e vó honorária D.Maria Alves, seus filhos e netos,Dona Natalina e muitos outros que  as muitas órbitas percorridas já começam a tornar seus nomes,vagas lembranças nas brumas dos pensamentos.
Verdadeiramente éramos uma  grande família que tinha por Pai a Deus, por irmão Jesus, e tínhamos um Pastor na mais completa acepção dessa palavra, que nos levava aos pastos verdejantes da Palavra de Deus, nos orientava e ensinava o caminhar nessa trilha estreita ao pé da Cruz, estava conosco quando dos momentos  inevitáveis de tristeza,  e também estava conosco nos momentos de alegrias e festejos,  alegrando-se nos nossos jovens momentos de alegrias e de divertimentos saudáveis, nos incentivando a crescer, assumir responsabilidade não só por nós mesmos, mas pelos outros.
Saudades dos tempos em que nossos cantos de louvores pela imensa bondade de Deus, para com a vida de todos nossos irmãos  e de nossos amigos, expressava verdadeiramente um sentimento de Glorificação de nosso Pai, por ter nos dado o Seu filho para nos permitir ali estar e sentir  verdadeiramente a sua presença.
Saudade do tempo em que nossa Igreja era verdadeiramente a Casa de Deus nosso Pai, aonde tínhamos a indizível satisfação de nos reunir, nos abraçarmos e conhecer os novos que se achegavam para compor coro dos que cantávamos  hinos, acompanhados por um harmônio ou órgão, letras  que exaltavam verdadeiramente a Deus, reconhecendo-O e legitimando-O como soberano Pai e misericordioso com as nossas imperfeições.Era comum então ao fim do culto, as famílias esquecerem-se do tempo, e espontaneamente, alguns irem para  as instalações do templo e aprontar um café um chá, o que fazia com que, outros se prontificavam como dispensadores, servindo  as crianças, aos mais idosos, aos visitantes. Me parecia então que todos não queriam se ausentar uns dos outros.
Éramos  verdadeiramente uma família...
Não me ocorre o tempo preciso, mas começou a se insinuar em nosso meio, os louvadores, que iam substituindo o canto congregacional, com louvores individuais, cantados  não mais de frente para o altar, mas de frente  para a congregação, ao fim do qual pediam:
-- Vamos aplaudir... Jesus...
-- Jesus?
Começaram as revelações, os sonhos, as determinações, as afirmações de que se você estivesse doente, você não estaria em comunhão perfeita com Deus.
Começaram os pedidos para a troca das cadeiras do templo por bancos, por assim o templo ficaria mais bonito, os sonhos, as determinações e outras sevandices do tipo.
A urgência para ir para casa passou a ser norma, o culto diziam tinha que ser quente, fazer descer fogo, tinha hora para o inicio, mas não a tinham para terminar, orações ditas a cada dia em tom mais alto, gritado mesmo, como se fora Deus surdo.
Orações que na maior parte das vezes não passava de repetições de trechos bíblicos recheados de promessas divinas, que eram recitados e cobrados de Deus, pregações exaltando os heróis do velho testamento e enfatizando as promessas, de Cristo nem uma só palavra; os cultos passaram a ser ruidosos irracionais e perturbadores do silencio e da introspecção, o louvor passou a ser a cada domingo uma renovação de um espetáculo, agora com bandas formadas por irmãos que se diziam levitas e detentores do dom do louvor verdadeiro.
Em meio a toda essa balburdia, já não nos permitia falar ao Pai, falar com o irmão que já não via há uma semana, tinha que bater palmas, dirigir palavras de ordem ao vizinho do lado ou ficar repetindo, aleluias e ou améns sem fim solicitados pelo pregador de plantão que a guisa de oratória já não falava, mas gritava, não sei se para expressar ênfase em suas falas, ou para poder ser ouvido em meio à algaravia da congregação, onde se misturavam gritos de aleluias, choro convulsivo e orações gritadas.
Tudo o que foi escrito até aqui, é na verdade para desabafar, a imensa saudade da casa do meu Pai, há uns tempos atrás ia até um templo católico romano, para poder me sentar em um daqueles bancos e ouvir no meio daquele silencio, o meu coração batendo em um ritmo constante e firme, e a esse ritmo dizer ao meu Pai, o quanto eu o louvava pela vida que apesar do tempo e por sua pura e forte misericórdia ainda me anima a confiar na sua salvação, orar pelos amigos, vizinhos, pelos professores de meus descendentes, enfim, no meio daquele silencio, pedir perdão pelas muitas mazelas de minha vida, pelos pecados de omissão.
Sim minha gente, saudade da casa do meu Pai.

Que Deus possa ter paciência e misericórdia de todos nos.

A única certeza é que:
V.D.M.I.Ae.