Em
publicação anterior, coloquei um tema dos relacionamentos havidos e necessários
desde o nosso nascimento. Eu ousaria
dizer ninguém nasce impunemente, o nosso nascimento sempre corresponde a um
encargo e a um cargo, se atentarmos bem, não se trata de direito e dever, mas
de responsabilidade e dever, responsabilidade pelo encargo, dever próprio do
cargo.
Ninguém
nasce para vir fazer turismo, como filhos temos sim, direitos, decorrentes do
encargo de nossos pais... Pai... O que verdadeiramente é isso?... Pai.
Infelizmente,
mesmo os filhos mais dedicados aos pais, só percebem seu valor, sua monumentalidade
na vida, quando eles se forem.
Caso
você é religioso, no melhor sentido dessa palavra, e não tem esse encargo de
sua vida, às ligeiras, poderá vislumbrar a importância do Pai e da ligação
indissolúvel desse relacionamento (encargo).
Dai
decorrem outras implicações, que podem comprometer nosso relacionamento com
Deus, um relacionamento conturbado com o nosso genitor terrestre, fatalmente
irá comprometer nosso relacionamento com nosso Pai, o criador.
O que
estamos assistindo em nossas instituições? A começar pelo que chamamos de
sociedade, seria melhor dizer aldeia?
Nossa
aldeia é composta, quando não somente pelos parentes de sangue; suportando-se os
agregados (cunhados, tios, nora, genro etc), e a muito custo, amigos que privam
conosco das mesmas idéias, torcem pelo mesmo time de futebol.
A
meritologia, no emprego, cede lugar à subserviência, no popular, puxa-saquismo,
pelo “você tem que dar o sangue pela empresa” que em outras palavras quer
dizer, ser explorado sem mugir nem tugir, ainda que seus filhos nunca te vejam,
pois a empresa vem antes da família.
Isso em
nossos dias entrou porta adentro da institucionalizada igreja, como diria um
velho amigo de infância: cuja qual, não encontrou ata de fundação na bíblia, a
menos que concorde com a tão combatida e combalida afirmação de que Tu és Pedro
e sobre esse Pedro, desculpem pedra vou fundar minha igreja...
O que
encontrei, é a afirmação de Jesus, aos apóstolos que estavam encantados com a
magnífica construção do Templo em Jerusalém, “Vês estas grandes construções?
Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada”. Ah tá bom, dizem alguns,
isso se cumpriu no ano 71 etc, etc, etc.
Também
com certeza não foi sobre Pedro, pois a pedra angular rejeitada não foi este,
mas Jesus, de uma olhadinha ali em Efésios 2: 18 até 22; alguns
que estão lendo o quê este velho professor está digitando aqui já devem estar a
perguntar?
-Aonde
esse ancião de setenta e duas órbitas terrestres e meia quer chegar com
esse blá,blá,blá?
Eu
respondo, quero sufocar a enorme saudade do tempo em que ir a igreja era apenas
encontrar os irmãos, o Orestes, D. Neide, o Daniel, a Ana Maria, D. Menininha,
o Jorge, sua esposa a Santinha, e seus filhos, O Irineu, o Moyses e D.Teresa,,
minha irmã e vó honorária D.Maria Alves, seus filhos e netos,Dona Natalina e muitos outros
que as muitas órbitas percorridas já começam
a tornar seus nomes,vagas lembranças nas brumas dos pensamentos.
Verdadeiramente
éramos uma grande família que tinha por
Pai a Deus, por irmão Jesus, e tínhamos um Pastor na mais completa acepção
dessa palavra, que nos levava aos pastos verdejantes da Palavra de Deus, nos
orientava e ensinava o caminhar nessa trilha estreita ao pé da Cruz, estava
conosco quando dos momentos inevitáveis
de tristeza, e também estava conosco nos
momentos de alegrias e festejos,
alegrando-se nos nossos jovens momentos de alegrias e de divertimentos
saudáveis, nos incentivando a crescer, assumir responsabilidade não só por nós
mesmos, mas pelos outros.
Saudades
dos tempos em que nossos cantos de louvores pela imensa bondade de Deus, para
com a vida de todos nossos irmãos e de
nossos amigos, expressava verdadeiramente um sentimento de Glorificação de
nosso Pai, por ter nos dado o Seu filho para nos permitir ali estar e
sentir verdadeiramente a sua presença.
Saudade
do tempo em que nossa Igreja era verdadeiramente a Casa de Deus nosso Pai,
aonde tínhamos a indizível satisfação de nos reunir, nos abraçarmos e conhecer
os novos que se achegavam para compor coro dos que cantávamos hinos, acompanhados por um harmônio ou órgão,
letras que exaltavam verdadeiramente a
Deus, reconhecendo-O e legitimando-O como soberano Pai e misericordioso com as
nossas imperfeições.Era
comum então ao fim do culto, as famílias esquecerem-se do tempo, e espontaneamente,
alguns irem para as instalações do
templo e aprontar um café um chá, o que fazia com que, outros se prontificavam
como dispensadores, servindo as
crianças, aos mais idosos, aos visitantes. Me parecia então que todos não
queriam se ausentar uns dos outros.
Éramos
verdadeiramente uma família...
Não
me ocorre o tempo preciso, mas começou a se insinuar em nosso meio, os
louvadores, que iam substituindo o canto congregacional, com louvores
individuais, cantados não mais de frente
para o altar, mas de frente para a
congregação, ao fim do qual pediam:
--
Vamos aplaudir... Jesus...
--
Jesus?
Começaram
as revelações, os sonhos, as determinações, as afirmações de que se você estivesse
doente, você não estaria em comunhão perfeita com Deus.
Começaram
os pedidos para a troca das cadeiras do templo por bancos, por assim o templo
ficaria mais bonito, os sonhos, as determinações e outras sevandices do tipo.
A urgência
para ir para casa passou a ser norma, o culto diziam tinha que ser quente,
fazer descer fogo, tinha hora para o inicio, mas não a tinham para terminar,
orações ditas a cada dia em tom mais alto, gritado mesmo, como se fora Deus
surdo.
Orações
que na maior parte das vezes não passava de repetições de trechos bíblicos
recheados de promessas divinas, que eram recitados e cobrados de Deus, pregações
exaltando os heróis do velho testamento e enfatizando as promessas, de Cristo
nem uma só palavra; os cultos passaram a ser ruidosos irracionais e perturbadores
do silencio e da introspecção, o louvor passou a ser a cada domingo uma
renovação de um espetáculo, agora com bandas formadas por irmãos que se diziam levitas
e detentores do dom do louvor verdadeiro.
Em
meio a toda essa balburdia, já não nos permitia falar ao Pai, falar com o irmão
que já não via há uma semana, tinha que bater palmas, dirigir palavras de ordem
ao vizinho do lado ou ficar repetindo, aleluias e ou améns sem fim solicitados
pelo pregador de plantão que a guisa de oratória já não falava, mas gritava, não
sei se para expressar ênfase em suas falas, ou para poder ser ouvido em meio à
algaravia da congregação, onde se misturavam gritos de aleluias, choro
convulsivo e orações gritadas.
Tudo
o que foi escrito até aqui, é na verdade para desabafar, a imensa saudade da
casa do meu Pai, há uns tempos atrás ia até um templo católico romano, para
poder me sentar em um daqueles bancos e ouvir no meio daquele silencio, o meu
coração batendo em um ritmo constante e firme, e a esse ritmo dizer ao meu Pai,
o quanto eu o louvava pela vida que apesar do tempo e por sua pura e forte misericórdia
ainda me anima a confiar na sua salvação, orar pelos amigos, vizinhos, pelos
professores de meus descendentes, enfim, no meio daquele silencio, pedir perdão
pelas muitas mazelas de minha vida, pelos pecados de omissão.
Sim
minha gente, saudade da casa do meu Pai.
Que Deus possa ter paciência e misericórdia de todos nos.
A única certeza é que:
V.D.M.I.Ae.