Oi meus caros e amados leitores,
não os conheço pessoalmente, e de nome somente alguns que acompanham este
cibernético espaço em que eu, vez ou outra perpetro a ousadia de escrevinhar
uma coisinha, que ao fim e ao cabo nem sei se faz muito sentido.
Já tendo rodado uns 68.146.457.573
de quilômetros em órbita deste lindo planeta que nos foi dado por Deus; conduzindo uma de minhas netas para a escola, não mais que de repente me
deparei com a seguinte colocação por parte dela:
Vô, não me entenda mal, mas eu
gostaria de fazer uma pergunta para satisfazer uma curiosidade e uma angustia
pessoal, posso? Eu lhe respondi:
A pergunta você é livre para
fazer da mesma forma que eu sou livre para responder, então vá lá desembucha...(*)
Vô eu tenho dezenove anos e me
angustio em pensar que um dia irei morrer como é com você, que com a misericórdia
de Deus, a sua perspectiva de vida é no máximo de vinte, vinte e cinco anos? Vô não me entenda mal, por favor...
Convenhamos todos nós, dirigindo
em meio a um trânsito pesado das primeiras horas da manhã, não é
necessariamente essa pergunta que pensava ouvir.
Mas como tudo na vida é surpresa,
o que primeiro me ocorreu, foi chamar-lhe a atenção por não ler o que o vô
escrevinha neste espaço.
Admirada ela me perguntou:
Sim! Pois se lesse regularmente
teria se inteirado de meu pensamento a respeito disso, no texto “Os meus
primeiro oitenta anos de vida”; mas eu vou procurar te responder.
Com base em minha experiência pessoal,
nós passamos por várias angustias neste percorimento de órbita terrestre, la
pelos quinze anos, se nos bate uma angustia
provocada pela pergunta que todos nós, com maior ou menor insistência nos
colocamos.
O que eu vou fazer na vida? Isso não irá ocorrer somente se você for um “cuca
fresca”,(**) mas essa ocorre, pelo que senti e vi em muitos de meus alunos ao longo da
vida.
A escolha da profissão é uma
agonia, que eu dizia como disse a mim mesmo:
Vá fazer o que você gosta mais de
fazer, se não tiver idéia, pergunte, questione, examine muitas coisas e
possibilidades, disse uma vez a um aluno.
Pouco importa se você quiser ser
lixeiro, engenheiro, professor, ou seja lá o que for, importante mesmo é que se
for professor ensine com amor e respeito por seus alunos, se for engenheiro,
seja o melhor, faça seu trabalho com lisura e responsabilidade, amor e criatividade,
se decidir ser lixeiro, seja o melhor, faça seu serviço com carinho, se
perceber que um papel de bala escapou a sua vassoura, volte e o recolha, olhe a
rua onde você trabalha como se fora sua.
Quando você então olha para trás e vê o tempo
percorrido e descobre que a partir de agora ele o tempo parece mais célere, e você
se pergunta:
Até agora eu ainda não fiz nada
de relevante, e a vida esta correndo, será que sou um inútil?
Não se angustie você foi criado
por Deus como tudo o demais na natureza, e como tal cada coisa tem seu tempo;
uma planta de abacaxi demora sete a oito meses para dar o seu fruto, o cafeeiro
demora seis anos para dar os seus frutos, uma mangueira precisa de sete ou oito
anos para frutificar, assim somos nós; alguns produzem seus frutos mais cedo
outros mais tarde.
Então as responsabilidades
aumentam, com os filhos, a chefia, a construção da casa e muitas outras
responsabilidades que nos são colocadas pelos ciclos da vida.
Até mesmo a angustia da morte
fica como que adormecida por esse período, só nos assaltando mais fortemente,
quando perdemos um amigo, um parente mais idoso.
Temos o péssimo costume de
encarar a morte como um fim, respondam-me apena com a lógica mais rasteira sem
eivos filosóficos; se realmente a morte é um fim por qual razão motivo ou
circunstância, acumulamos tanto conhecimento? Somente para depois da morte
virar chorume?
Minha neta, o homem que se
angustia, não percebe que essa angustia é apenas fruto do desconhecimento do
que está por vir.
Quando saímos de casa, temos por
objetivo ir a algum lugar seguramente sabido existir ou estar ali. Com base
nisso sempre brinquei com o meio de transporte aéreo, dizendo:
É o mais perfeito meio de
transporte que existe, pois sempre cumpre o que promete; te levar ao aeroporto
de destino, ou te levar ao inexorável destino de todo aquele que um dia nasceu,
de encontro a sua vida eterna.
Nunca fui muito admirado por meus
colegas de serviço, pois naquele tempo, o avião entre São Paulo, Rio, Brasília,
Belo Horizonte, afora as cidades do interior de São Paulo, era o nosso ônibus.
A propósito estamos todos vivos até onde eu sei, até hoje.
Mas a sua pergunta tem resposta
clara eu não me angustio com a possibilidade ter vir a ter mais umas vinte ou
vinte e cinco órbitas terrestres para percorrer, nem mesmo o pensar que esse
encontro com a passagem desta para melhor como todos dizem, ser agora ou daqui a
algumas horas.
A neta interrompeu meu raciocínio
e lascou:
Mas você não fica angustiado nem
um pouco? Como pode? Respondi:
Parece que estou falhando em dar
testemunho, você convive comigo todo esse tempo e ainda não percebeu a importância
dá fé?
Procuro não ser cristão nominal,
ou cristão de tabuleta, de ritual, mas de fato e de busca...
Se Jesus morreu para que eu possa
ter a vida eterna, se crer em Sua palavra e Seus ensinamentos, qual a razão
para ficar angustiado com o pouco ou muito tempo que possa vir a dispor?
Quando àquela hora chegar, o que
tenho pedido nos últimos tempos é que Deus tenha misericórdia de mim, que quis e
muitas vezes não procurei com muito empenho ser melhor e mais fiel, e me perdoe
e me receba no seu reino, onde eu sei que vou viver além dos meus primeiros
anos de vida, seja oitenta ou quantos anos forem.
Caso você me pergunte se eu quero
morrer, vou te responder que não, pois primeiro, o humano que existe em mim
quer ser eterno, o que é, mas não aqui; direi mais, nesse departamento estou,
mas mão de Deus, com temor e amor, pois Ele pode me tirar esta e a vida futura.
Em uma parada de transito no
farol, dei uma olhadinha de lado e vi minha neta com os olhos perdidos lá no
infinito e falando em voz baixa.
Eu queria ter a tua fé vô...
Terminamos o resto do tempo, sem mais falar.
Deus possa ter misericórdia de
todos nós e nos ensinar a confiar em sua palavra a cada dia que passa em nossa
vida por aqui.
(*) = põe para fora, ou fale.
(**)= Cabeça vazia, irresponsável
(*) = põe para fora, ou fale.
(**)= Cabeça vazia, irresponsável
Pois a única verdade é que
V.D.M.I.Ae.
1 comentários:
Barão... ótimo texto, muito bom mesmo! (Cintia - Guri)
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. (Hebreus 11:1)
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