Há um tempo, e bota
tempo nisso, eu chefiava um departamento de uma empresa e era responsável por certo
numero de funcionários, pedíamos a todo que viessem trabalhar de forma
discreta,
Mas a moda de então ditava
saias, justas e as mais curtas possíveis, algo assim como uns dez ou dezesseis
centímetros “abaixo das vergonhas”, como disse o primeiro comentarista de
terras brasilis- Pero Vaz Caminha, (pergunta que me ocorreu agora, seria em
razão direta desse sobrenome que somos tão indolentes?), deixa isso pra lá
vamos ao caso.
Vez ou outra me sentia obrigado
e constrangido a chamar uma ou outra funcionaria mais ousadinha, e
solicitar-lhe um tanto de moderação, para que não houvesse alvoroço no local de
trabalho.
Um belo dia recebemos, do
RH duas novas funcionárias, uma com um vestido arrastando ao chão, fora isso
blusas normais, a outra vestida quase sempre com roupas de golas altas e
vestido ou saias que iam ate bem abaixo dos joelhos.
A primeira de saias arrastando
ao solo, logo se fez entender que as vestimentas das demais moças beiravam a
ofensa a ela que era “Cristâ Evangélica”, comentou ainda que sua outra colega
embora se vestisse de forma correta era igualmente escandalosa, pois usava
roupas de malha, um número menor que seu manequim normal. constatei o fato através
dos comentários que chegavam até minha
secretaria.
A única coisa que me
coube fazer foi alertar-lhes que minha função era cumprir as normas da empresa
e cuidar para que não houvesse situações de desrespeito e que não admitiria
qualquer nível de fuxico no ambiente de trabalho.
A funcionária que se
vestia com roupas que mais pareciam costurado ao corpo, muito apertada que não
se lhe escondia detalhe algum, soube-o por sua própria fala, quando um
determinado dia havia comparecido para trabalhar com uma blusa com um pequeno
decote em V , nada escandaloso, e que recebeu a visita do namorado, vindo até
mim e pedindo licença para se ausentar por alguns instantes, o que olhe foi
concedido.
Ao voltar, havia
trocado a blusa com decote por outra de gola alta, mas quase dois números
menores; estava chorosa.
Indagada se estava se sentindo bem, desatou a
contar que ela não agüentava mais os ciúmes do namorado que exigia que ela se
vestisse de roupas fechadas do pescoço ao meio da perna, e que ela se vingava
usando roupas de números menores que seu manequim, o que a bem da verdade a
expunha mais do que se viesse com roupas “normais”
A coisa andou assim, as
garotas fazendo caras e bocas para a Crente que se vestia bem somente com saias
bem compridas, e vira e mexe dizia para que quisesse ouvir:
Uso este tipo de saia
comprida para me diferenciar das do mundo.
O tempo foi passando
ate que: a moda mudou, como soe acontecer, veio então o uso das saias longas ou
longuetes como diziam.
Então todas elas
ficaram iguais àquela a quem tanto olhavam de lado.
Belo dia a irmãzinha entrou
em minha sala, altamente preocupada; colocando-me, como se fora eu um milenar
sábio chinês:
Como eu vou fazer?
Agora não há mais diferença entre eu que sou crente e as demais que são do
mundo, a não ser pela desavergonhada que mesmo de roupa parece estar nua.
Não perdi a
oportunidade de lhe dizer que primeiro, cuidasse de não chamar quem quer que fosse de desavergonhado/a, segundo que ela mesma descobrira que a maneira de
vestir não era diferencial cabível ou necessário, que, o que aceitava Jesus
deveria apresentar um diferencial em seu caráter, em seu comportamento, social,
profissional, no respeito ao próximo fosse ele como fosse e inclusive no vestir
sem extravagâncias, tanto para mais como para menos.
A garota que se vestia
com números menores de manequim, igualmente veio me procurar para saber o que
fazer, pois alguns funcionários de outras áreas a olhavam de forma que ela
considerava indecente. Acrescentou que os colegas a respeitavam.
Dentro da maior
delicadeza fiz lhe ver que não era de estranhar os olhares, pois sua forma de
vesti marcava-lhe a figura,
Ela parece que resolveu
o seu problema, livrou-se do namorado incomodo e passou a se vestir com a moda
do momento, tão recatada ou mais que a irmãzinha crente.
E a minha irmãzinha crente resolveu o seu
problema, usando somente roupas de cor escura, para firmar sua posição de “evangélica”.
Uma pena, pois na época
ainda não existiam irmãos que produzissem fardagem evangélica, como hoje...
Deus possa entender-nos
e se apiedar de todos nós.
A única coisa certa e
segura é que:
V.D.M.I.Ae
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