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sexta-feira, 14 de março de 2014

Saudades...



 Paulo Afonso Miessa, quem é esse senhor?  E se eu escrever Paulo Goulart, agora você sabe de quem se trata.

“Na internet lemos: Paulo Goulart, nome artístico de Paulo Afonso Miessa foi um ator brasileiro.” Me perdoe quem escreveu esse texto, mas o correto é “Paulo Goulart, nome artístico de Paulo Afonso Miessa, um ator brasileiro, pois Paulo Goulart é um ator brasileiro e sempre o será na historia da arte de representar neste pobre país.

Eu o conheci nos palcos dos teatros (poucas vezes que fui), nas telas de cinema e com muita freqüência na sala de minha casa, quando me detinha para vê-lo representar nas tão famosas novelas, às quais quase sempre, ou mesmo sempre emprestou o seu saber de nunca ser um interprete de um só personagem, a cada vez com diferentes caracteres. Sempre que o vi representando, emprestava ao personagem, seu corpo e sua voz, imprimindo no personagem um modo de ser particular.

Eu também o conheci no transito maluco de São Paulo, ali na Rua Caio Prado quando eu e alguns colegas nos dirigíamos para a faculdade de Artes Plástica ali no Morumbi.
Sua figura no volante de uma Brasília amarela se impunha.

Certa tarde, fazendo o mesmo diuturno caminho, quando chegávamos ao farol fechado no cruzamento com a Rua da Consolação, acabei emparelhado com a Brasília amarela, tendo ao volante ninguém menos do que o ator Paulo Goulart.

-Olha, olha aqui do lado, olha é o Paulo Goulart... disse alguém no meu carro; um frisson por se verem tão próximos do grande ator que ali estava, bem ao lado.

Pedi ao colega de que estava no banco ao lado que abrisse o vidro, isso feito, dei uma buzinada para chamar atenção:

-Oi Paulo, tudo bem?  Emendei, Como esta a Nicette e as crianças?

Surpreso, ele com seu vozeirão respondeu, com ar de quem rebuscava na memória, quem era aquele barbudo no volante de um Passat  que  lhe dirigia a palavra, mas não deixou de responder:

-Tudo bem, a Nicette e as crianças estão bem, obrigado... Emendei logo a seguir:

-Me desculpe por não ter ido ao almoço, fiquei amarrado em reuniões, mas avise a Nicette que qualquer hora ligo para marcarmos novo encontro, conclui, quando o farol abria, terminei com :

-De um forte abraço em todos...  Arranquei, virei à esquerda começando a subir a consolação e Paulo e sua Brasília continuou  em frente..

Os colegas nada disseram, ficaram mudos até chegarmos à faculdade.

Nesse dia, nossas duas primeiras aulas eram de teatro, que tínhamos como professor, nada mais e nem menos do que Humberto Magnani (me dê um cigarro).

Então se desencadeou um bochicho, um falar pelos cantos, até que Humberto Magnani me chamou de lado e perguntou:

-Você é amigo do Paulo Goulart? E não fala nada com a gente?

Nesse tempo, alem de ser professor de teatro e trabalhar em uma agencia de arte, Humberto trabalhava em teatro, lutando por um lugar ao sol.

Aproveitei a oportunidade para explicar, que conhecia o grande ator Paulo Goulart, como todos os demais, explicando:

Na oportunidade, fiz uma brincadeira, aproveitando o fato de ele Paulo, ser uma pessoa pública e ao longo de sua carreira conhecer muitas pessoas, e deter o cuidado, coisa normal de grandes artistas, generosamente dispensar atenção a todos; fato que o levou a responder não sem um ar interrogativo, às minhas colocações.

Acrescentei ainda:
-Ele deve estar em casa contando o fato e discutindo com a Nicette e os filhos quem seria o barbudo que o abordara no cruzamento da Caio Prado com a consolação, e tão intimamente mandado um abraço “Nicette e às crianças”

Foi assim, me desculpem, seus herdeiros e a Nicette a quem confesso a dor de saber do passamento desse grande ator e homem que demonstrou ser em seu viver entre nós; que consegui que ele, já, grande ator, se dirigisse a este insignificante professor, e saibam todos os que quiserem; trago esse momento gravado indelével na memória, inclusive as imagens desse momento.

Deus  os abençoe, e os console por esta perda, que o é para nós todos os brasileiros.

Saibam todos que:


V.D.M.I.Ae.

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