Num momento de cansaço e estupefação pelo que se vê nesse arraial evangelico, assistindo um concerto de uma orquestra sinfônica de Santos, me permitir devanear e aí esta a visão de um homem do interiorzão desta terra Brasilis.
Carta de um matuto
Oi cumpadre Martins, dicidi iscrever pr’ocê, pra mor de
contá as dificurdade qui istô passando aqui na cidade grande.
Cumpadre as coisa pur aqui é tudo muito grande mermo
As casa aqui, ele chama de prédio e é mais ou menos anssim una empilhada em cina de otra, tem uns predio qui nas casa num mora ninguem, essas eles chamam de iscritório.
Eu vim prestes
lados por causa dum convite pra acertar
uns causos de terras, o adivogado que me trouxe
no primero dia me levo prum tal de otél, uma dessas casa impilhadas que
ele aluga.
O negocio desse tal de
otél é bão mermo, tudo muito arrumadinho e limpinho, istranho mesmo é a cumida,
tem uns negocio estranhos, com uns gosto que num agrada, e parece qui num tem
sustança, a gente come logo dispois tá cum fome di novo, mas num é isso que me
feiz te iscreve.
To iscrevendo pra conta
que o adivogado me levo pra um tar de cuncerto.
Eu antes de ir fiquei
matutanto qui negocio é esse de cuncerto?
Esse pessoar da cidade
é tudo muito apressado, ficam num corre corre que até
parece que o mundo vai acaba.
Quando eu sai mais o advogado pra ir pro concerto, que ele disse
que ia se num teatro ali perto, nois fomos andando, e olha o ar da cidade é
muito isquizito, parece inté que tem cor, um marronzinho claro, e um cheiro bem
ruim e escuita cumpadre eu inté fiquei chorando sem querer, num sei si era por
num pode ver rio, os morro, nem a nuvem,
a gente só vê essas casa impilhadas, o si era por causa do tal ar marronzinho.
Eu inquanto ia andando
pro tar de teatro pra ver esse tar de cuncerto, num tive corage de pregunta pro
dotor qui coisa era isso de fazer um cuncerto e levar pessoas para vê. Ai nesse
nosso grotão a gente cuncerta as coisa e so mostra dispois que o negocio esta
cuncertado.
Chegamos nesse tal
teatro, oi é uma casa grandona, logo na entrada tem um cômodo que da pra gente coloca uma seis o sete casa
igual as nossa, e oia ainda ia sobra espaço cumpadre, e eles poe um pano
grandão bunito, cheio de desenho no chão, qui chamam de tapete, que eu inte
tive dó de pisa com os meus burzeguins de matuto.
Mais o doto de
agarantiu que era assim mesmo qui eu podia pisa.
Ai cumpadre entremo
numa sala bem maió ainda que a qui eu falei aí no começo, e tinha uma coisa istranha, um mundão
de cadeira tudo alinhadinha virada prum lado só, e lá dentro fazia um frio de
da gosto, seu eu sabia disso antes tinha levado um blusa mais pesada.
As cadeira tudo virada
prum lado em que tinha um panão bunito
pendurado que o doto me disse que era a
cortina, de uma tar boca do parco; oia
dava pra fazer umas duzenta curtininha que a cumade custuma pendurar nas
janelas.
Bem eu estava
curioso para ver o que eles iriam
cuncertar, e comecei a achar ingraçado ter tanta gente bunita e bem arrumadinha
e perfumada pra ver esse tal de cuncerto.
Ai tocou uma campainha,
e ouvi dizer que o tal curcerto já ia começar, o pessoas que falava qui nem as
gralha daí da nossa terrra de repente fico quieta, que dava pra ouvir mosquito
voando.
Aquele cortinão foi puxado pros lado e eu vi um mundão de
gente sentadinho em roda de um home que estava vestido com um casaco esquisito,
oi mais parecia um desses pingüim que fica inrriba das geladeiras. O casaco alem de tudo tinha uns rabos cumpridos.
Aí ele virou de costa
pra nois que esta tudo sentadinho naquelas cadeira que eu falei ali atrais.me
pareceu que ele era o chefão desse tal de cuncerto;
Eu vi uns negocio que
me disseram que eram instrumento, num sabia se era eles que iriam cuncerta ou
iam usa pra cuncertar outra coisa. Mas percebi que o tal home do paletó
esquizito era o chefão mesmo, ele tinha na mão uma varinha que devia ser
poderosa, quando ele levantou todos
ficaram olhando pra ele, quando ele abaixo começaram a usar os tar de
instrumento.
Eu notei arguns
instrumento que eu conhecia de quando fui pro tiro de guerra, uma tar de
corneta, daquelas pra acordar sordado vagabundo e dorminhoco, cumpadre tinha uma tal variedade de corneta
que oce num faz conta,mas tinha pro lado direito um instrumento grandão e um
otros parecidos um pouco menor, assim de uns três tamanhos, e eu assuntei que
do do isquerdo tinha um montão de intrumento parecido com os da direita, só
que menor, e matutei que deviam ser
filhotes dos da direita, um pouco
parecido com as rabecas que nois cunhece; separados dos pais cum o maestro no
meio, esse era o nome do home de casaco esquisito, pra num trapaiar o tar
cuncerto.
Ah! Cumpadre la no
fundão tinha lá umas zabumbas e tinha uns tacho grandão, como aquele que a
cumade usa pra faze doce de guaiaba, que
quando o tal maestro apontava a varinha pros lado do tal tacho o home batia
nele.
O som comu ele dizem aqui pra diferençar de baruio
era legar, eu num tava entendendo nada, mas arreparei que as pessoas (home e muié) que estava cum
istrumento parecido, tanto os gradão da direita, como os pititico da esquerda,
tinha um negocio na mão direita parecido com uma serra dessas que agente usa
pra cortar ferro, e esfregavam cum força os tar instrumento que fazia um som bem mio mais muito parecido com o que faz a
nossa serra quando corta ferro; me pareceu cumpadre que eles queriam cortar os
instrumento no meio, mais aquela tar de serra que eles usava, parece que estava
sem corte, pois mais que esfregava mais baruio fazia mas num cortava nada.
Todo mundão de gente que estava sentadinha ali
tudo alinhadinho oiando pro parco estava
tudo quietinho oiando o maestro que parecida que tinha hora que ficava nervoso
e abanava a tar varinha e que quando ele
fazia isso os mus’cos, acho que cum medo tocava os instrumento mais alto e
arguma veiz mais depressa.
Oi cumpadre, num
entendi nada, não vi nada quebrado pra eles cuncerta, e vô arresumi as coisas, o tar maestro fez um gesto
de repente e todos os mus’cos parô de toca, acho que ninguém gosto muito da
coisa toda, até o doto que me cunvido para ir ver o tar cuncerto que eu acho
que não aconteceu pois todo mundo fico
de pé e batendo as palmas gritavam bem forte:
Bravo! Bravo! Bravo...
Eu num tinha intendido
nada ,mas num estava bravo coisa nenhuma, achei também inquisito quando todo
mundo começou a pedir aquelas
bolachinha com chocolate...
Bis!Bis!, achei que iriam
dar essas tar bolachinhas, e fique precupado comu iria fazer pra dar as
bolachinha pra quele mundaréu de gente...
Ai o tal maestro viro
de costas, balançou a varinha e os mus’cos garrarão a tocar de novo, quando
pararam de novo o mundaréu garro a dizer gritando que todos estavam Bravos e os
mus’cos, acho eu cum vergonha, só fartaram beija o chão de tanto que ser
curvaram baixando a cabeça.
Oi cumpadre eu sou mais
o sãozinho que nois tira de nossas violinhas nas tarde de sol bonito, pelo menus ninguém fica bravo com a gente, eles
ité gostam...
Oi cumpadre quando
chega aí te conto umas outras coisa isquizitas que ocorre aqui nesta maleitosa
cidade grande. E oia cumpadre eu prefiro nossa casinha de sapé e taipa, onde a gente pode ouvir o canto dos passarinhos
e o canto do mocho no cair da noite, respirar o ar tão purinho que inte dói nos
purmão, comer nossa comida sustantosa, e de veis em quando saborea os lambari
que a gente pesca no corgo la no pé do
morro, sem fala em alegrar os oios cum
as revoadas dos passarinhos e da borboletas todas as tardes, e contá os causos
e desfiar a violinha em roda das
fogueiras.
Um abraço cumpadre, cum
muito respeito da um abraço na cumade e um bejo nos meu afilhado, e fala, fazendo um favõ, pro Chico da Bodega que to levando a incomenda, fala ainda
fazendo um outro favo com o vigário pra prepara as oreias que tem uns
pecadinhos qui eu vou te qui confessa,
quando chega por aí.
Tonico.
Abaixo estou reescrevendo o texto acima, escrito o mais próximo do falar do nosso homem do interior e pouco instruído, para uma linguagem mais formal para que os que utilizem das traduções e ou estejam pouco acostumados possam entender o texto.
Oi compadre Martins, decidi escrever para você, para lhe
contar as dificuldades que estou passando aqui na cidade grande.
Compadre, por aqui tudo é grande mesmo, as casas aqui eles
chamam de prédio, e mais ou menos assim com um monte de casas uma em cima da
outra. E na maioria ninguém mora nelas,
essas eles chamam de escritório.
Eu vim para cá em razão do convite para acertar uns
problemas de documentação de terras, o advogado que me trouxe no primeiro dia
me levou para um tal de hotel, uma dessas casas empilhadas, que alugam (comodo).
Esse negocio de hotel é muito bom mesmo, tudo muito
arrumadinho e limpinho, o estranho mesmo é a comida, tem algumas coisas
estranhas e com um gosto que não agrada, e parece mesmo não ser substancioso,
nos comemos e logo depois estamos com fome di movo, mas não é isso que me fez
te escrever.
Estou escrevendo para contá que o advogado me levou para um
tal concerto.
Ante de ir fiquei pensando, que negocio e esse de concerto?
Esse pessoal da cidade é todos muito apressados, ficam em um
corre corre que até parece que o mundo vai acabar.
Quando eu sai junto com o advogado
para ir para o concerto, que ele disse que ia ser em um teatro ali perto, nos
fomos andando, e veja o ar da cidade é muito esquisito, parece até que tem cor,
um marronzinho claro, e um cheiro bem ruim e escute compadre eu até fiquei
chorando sem querer, não se era por poder ver o rio, os morros, nem mesmo as
nuvens, a gente (aqui) só vê essas casas empilhadas, ou se era por causa do tal
ar marronzinho.
Eu enquanto ia andando para o tal
teatro para ver esse tal de concerto, não tive coragem de perguntar para o
Doutor, que coisa era isso de fazer um concerto e levar as pessoas para ver. Aí
nesse nosso vale, nos consertamos as coisas e só mostramos depois que a coisa
esta consertada.
Chegamos no tal teatro, olha
(compadre) é uma casa bem grande, logo na entrada tem uma sala que daria para
colocar umas seis ou sete casas iguais as nossas, e veja, ainda iria sobrar
espaço. E eles (do teatro) colocaram um grande pano bonito, cheio de desenhos
no chão (dessa sala) que chamam de tapete, que eu tive dó de pisar com minhas
botas de caipira.
Mas o doutor me garantiu que era
assim mesmo, que eu podia pisar.
Então compadre, entramos em uma
sala maior ainda da do que eu falei ai no começo e tinha uma coisa estranha,
uma grande quantidade de cadeiras, todas alinhadinhas virada para um lado só, e
la dentro fazia um frio de dar gosto, se eu soubesse disso antes teria trazido
uma blusa mais pesada.
As cadeiras todas viradas para um
lado só, que tinha um pano muito grande pendurado que o doutor me disse ser uma
cortina, de uma tal boca do palco, olha daria para fazer umas duzentas
cortininhas que a comadre costuma pendurar nas janelas.
Bem, eu estava curioso para ver o
que eles iriam consertar, e comecei a achar engraçado ver tanta gente bonita e
bem vestida e perfumada para ver esse tal concerto.
Então tocou uma campainha e ouvi
dizer que o tal concerto já ia começar, as pessoas que falavam como se fossem
gralhas daí de nossa terra de repente ficou quieta, que daria para ouvir
mosquito voando.
Aquela enorme cortinha foi puxada
para os lados e eu vi muitas pessoas sentadinhas em redor de um homem que
estava vestido com um casado esquisito, olha, mais parecia um desses pingüins
que costumam ficar em cima das geladeiras. O casaco além de tudo tinha uns
rabos compridos.
Ai ele se virou de costas para nós
que estávamos todos sentadinhos nas cadeiras que eu falei ali atrás, me pareceu
que ele era o chefão desse tal concerto.
E uns negócios que me disseram
que eram os instrumentos, não sabia se era eles que iriam consertar ou iriam
usar para consertar outra coisa. Mas percebi que o tal homem do paletó esquisito
era mesmo o chefão, ele tinha na mão uma varinha que devia ser poderosa, quando
ele levantou (a varinha) todos ficaram olhando para ele, quando ele a abaixou,
todos começaram a usar os tais instrumentos.
Eu notei que alguns instrumentos
eu conhecida de quando fui para o Tiro de Guerra, uma tal corneta, daquelas
para acordar soldado vagabundo ou dorminhoco, compadre existia uma tal
variedade de cornetas que você não pode imaginar, mas tinha do lado direito uns
instrumentos grandões e outros parecidos um pouco menor, e eu percebi que do lado
esquerdo havia um monte de instrumentos como os da direita, somente que menores,
que deveriam ser os filhotes dos da direita, um pouco parecidos com as rebecas
que nós conhecemos; eles estavam separados dos pais pelo maestro esse era o
nome do homem de casaco esquisito, para não atrapalhar o tal concerto.
Ah! Compadre lá no fundo tinha uns tambores e
tinha uns tachos grandões como aquele que a comadre usa pára fazer doce de
goiaba, que quando o tal maestro apontava a varinha para os lados do tal tacho
o homem batia no mesmo.
O som, como eles dizem aqui para
diferencias de barulho era legal, eu não estava entendendo nada, mas reparei
que as pessoas (homem e mulher) que estavam com os instrumentos parecidos, tantos
os grandões da direito, como os pequeninos da esquerda, tinham um negocio na
mão direita parecido com uma das serras dessa que nos usamos para cortar ferro,
e esfregavam com força nos tais instrumentos que faziam um som bem melhor, mas
muito parecido com o que faz nossa serra quando corta ferro: pareceu-me,
compadre que eles queriam cortar os instrumentos ao meio, mas aquela tal de
serra que eles usavam, parece que estava sem corte, pois quanto mais esfregavam
mais barulho fazia, mas não cortavam nada.
Todas as pessoas sentadas ali
todos alinhados olhando para o palco, estava m todos quietinhos olhando o maestro
que parecia que em alguns momentos ficava nervoso e balançava a tal varinha e
que quando ele fazia isso os músicos, acho que com medo, tocavam os
instrumentos mais alto e em algumas vezes mais rápidos.
Olha compadre, não entendi nada,
não vi nada quebrado para eles consertarem, e vou resumir as coisas, o tal
maestro fez um gesto repentinamente e todos os músico pararam de tocar, acho
que ninguém gostou muito da coisa toda, ate o doutor advogado que me convidou
para ir ver o tal conserto, que acho que não aconteceu, pois todo mundo ficou
de pé batendo palmas e gritando bem forte:
Bravo! Bravo!Bravo...
Eu não tinha entendido nada, mas
não estava bravo coisa nenhuma, achei também esquisito quando todo mundo
começou a pedir aquela bolachinhas com chocolate...
Bis! Bis! Achei que iriam dar essa
tal bolachinhas e fiquei preocupado como iriam fazer para distribuir as tais
bolachinhas para aquele mundo de pessoas.
Aí o tal maestro virou de costas,
balançou a varinha e os músicos começaram a tocar novamente, quando pararam de
novo o mundaréu começou a dizer gritando que todos estavam bravos e os músicos,
acho que com vergonha só faltaram beijar o chão de tanto que se curvaram
abaixando a cabeça.
Olhe compadre eu sou mais o
sonzinho que nós tiramos de nossas violinhas nas tardes de sol bonito, pelo
menos ninguém fica bravo com a gente, eles até gostam...
Olha compadre quando chegar aí te
contarei outras coisas esquisitas que ocorre aqui nesta cidade grande com
maleita. Olha compadre eu prefiro nossas
casinhas de sapé e taipa aonde a gente pode ouvir o canto dos passarinhos e o
canto do mocho no cair da noite, respirar o ar tão purinho que chega a doer nos
pulmões, comer nossa comida substanciosa e de vez em quando saborear os
lambaris que pescamos no córrego lá no sopé do morro, sem falar em alegrar os
olhos com as revoadas dos passarinhos e das borboletas de todas as tardes, e
contar causos (historias) e desfiar a violinha em redor das fogueiras.
Um abraço compadre, e com muito
respeito dê um abraço na comadre e um beijo nos meus afilhados, e fale,
fazendo-me um grande favor, para o Chico Bodega que estou levando a encomenda,
fale ainda, fazendo-me outro favor com o vigário para ele preparar as orelhas
que tenho um pecadinhos, que vou ter que confessar, quando chegar por aí
Tonico
Não ia colocar esta brincadeira séria neste espaço, mas a instâncias de um neta me ví compelido a fazê-lo,
Mas saibam todos os que se detiveram para ler mais esta sandice que;
V.D.M.I.Ae.
1 comentários:
Muito bommmm o texto.
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