(republicação revista)
Diante de tantas sandices vociferadas nos tele-púpitos, nos
radio-púlpitos em meio a raras pregações do verdadeiro evangelho, aquele o da
Salvação, não esses evangelhos neo-penteca, da prospera idade, não o evangelho pós-moderno,
teologia da pobreza, da riqueza e sei mais lá o quê, às vezes me ponho a pensar,
já que, ainda neste país, nunca ninguém pensou em tributar o pensamento,
portanto pensar ainda é grátis, e como professor aposentado não posso me dar o
direito de pagar por fósforo que seja... fora do orçamento que de tão estreito
cabe em apenas uma linha do caderno de registro.
Pera ai, estou saindo ideia principal, voltemos a ela, em meio a tudo
que citei ai em cima, me ponho a pensar:
-Como pode nossa ignorância ser tão imensa? -Como conseguimos ter
memória mais curta que minhas rendas de professor (no Brasil, não sei como isso
ocorre pelo mundão de Deus).
-Como pode, termos o orgulho de já contar com cerca de trinta milhões
de evangélicos, principalmente em grandes centros como São Paulo, Rio de
Janeiro, e ainda contarmos com cerca de vinte a trinta mortes diárias pela
violência dita urbana. Só para entender a indignação façam o cálculo comigo:
vinte por dia, vezes trinta dias, são seiscentos por mês, vezes doze meses, se
me lembro bem de como calcular, pois faz tanto tempo que sai da escola, são
sete mil e duzentos mortos por ano.
Repito são sete mil e duzentos mortos por ano, isso só de assassinatos
em uma grande cidade, isso fora os atropelados no trânsito desta mesma cidade,
aí o número de mortos por ano chega ao absurdo de dez mil e poucos mortos por
ano.
Creio que não só eu, mas muitos estejam, estarão ou estiveram
preocupados com isso, estamos vivendo uma época de extrema hipocrisia, extremos
narcisismo, extrema alienação, em que a mulher não é para ser amada, mas
pegada, ai se eu te pego, para fazer com ela o tchu tcha tcha, e deixar pra lá,
estamos vivendo uma época em que o lema principal é: farinha pouca meu
pirão primeiro.
Estamos vivendo um momento evangélico que queremos “Um milhão de
dizimista” e não um milhão de convertidos; onde eu preciso de um avião de
trinta milhões de dólares, mas não temos dinheiro para saúde pública, pois quem
arrecada esses trinta milhões de dólares não recolhe impostos, (dízimos e
ofertas são isentos de tributação), estamos em uma época que o governo
distribui benesses com o dinheiro dos contribuintes, os de baixa renda
principalmente; para seus “amiguitos” e
não cumpre o que a lei determina uma época que quando cumpro com minha
obrigação, contrato marqueteiros, para decantar o meu trabalho como se fora
algo extraordinário.
Mas não devemos estranhar muito tudo isso, pois a vida do homem é
marcada por esses períodos de falta de lucidez histórica, e não é coisa deste
século ou do anterior.
Não vou reproduzir, mas lembrar, quem leu seja na própria Bíblia ou em
livros de história Bíblicas deve ter em mente, a saga dos Hebreus escravos no
Egito, de Moisés comissionado para retirá-los do cativeiro, das peripécias
necessárias para levar a efeito essa libertação.
Muitos desses Hebreus viram os milagres, os feitos realizados por
Deus, viram o mar se abrir, passaram pelo vau do mar, viram a coluna de fogo e
a nuvem que os acompanhavam dia e noite; sentiram a presença de Deus, mas ainda
assim na primeira oportunidade, construíram seu bezerro de ouro, prostraram-se
diante dele como se aquilo fora seu deus.
Assim ao longo da historia o homem vem se prostrando diante dos mais
diversos deuses, o deus dinheiro, esse sempre esteve presente no histórico do
homem.
Hoje é esse deus o mais cultuado, e dedicam-lhe uma logia travestida
de theo, e são inúmeros seus seguidores, cultuadores e pastores que propagam
suas ideias.
Como lá pelo século V, voltamos colocar Deus não como nosso pai
celestial, mas como o administrador logístico e dispensador das benesses que
temos direito, pois Ele mesmo prometeu, pois podemos segundo os sevandijas e
sacripantas, podemos e devemos nos apropriar dessas promessas.
Hoje o templo é um amontoado de tijolos, vitrais, tapetes, cadeiras,
aparelhagem de som, dos quais nós usamos para aos gritos expor e ou exorcizar as nossas próprias
mazelas, cultuamos “verdadeiros” adoradores, com luzes, brilhos, gritos e
paroxismos, devaneios, desmaios, chiliques de toda a sorte a títulos de
estarmos caindo no espírito, mas qual?
Nosso corpo já não é mais o
templo do Espírito Santo...
Contra instrução bíblica, marcamos nossos corpos com frases ditas
evangélicas, usamos roupas (evangélicas*)) que declaram que somos soldados, guerreiros,
gaditas e toda sorte de expressões vazias, em nome de que assim provamos
pertencer a Deus.
Vendemos e compramos CDs e DVDs, lencinhos, meias etc. que nos
abençoam, fronhas que no permitem sonhar com o reino, nos aproximam de deus,
qual? E nos permite assim receber as
benções, quando ao que me consta, as bênçãos vêm do trono de Deus por sua livre
e soberana misericórdia.
Vivemos em uma época em que achamos extraordinário, um homem que viveu
por treze ou mais anos sofrendo de uma moléstia terrível, ter respondido a uma
pergunta se sentia medo de morrer, disse sem titubear:
-Da morte eu não tenho medo, meu medo é da desonra (perder a honra,
ser desacreditado, segundo o dicionário); e quer me parecer que os mega
pastores e mesmo os de pequenas igrejas lideres de dúzias e toda sorte de
sevandijas, nem consideram; honra o que é isso? O medo desses lobos travestidos
é o perder o dízimo.
Disse esse senhor também em outra oportunidade a propósito de pergunta
parecida que:
“Deus é soberano, se Ele quiser eu morro, Ele nem precisa do câncer
para fazer isso.”
Seu nome: Sr. José de Alencar, nosso ex-presidente, recentemente
falecido. E já esquecido na memória de minhoca do brasileiro, salvo raríssimas exceções...
Em ciclos vamos vivendo: “deixa a vida me levar, vida leva eu...”.
Quando vejo, ouço e vivo tudo isso; consigo vislumbra as razões para o
crescimento par e passo dos que se dizem evangélicos e a violência urbana, o
descaso da grande maioria dos políticos que nestes tempos de eleição, repetem
os chavões de quinze ou mais anos passados, tais como: “eu vou lutar para a
defesa da mulher, das crianças, e dos idosos”.” diz outro: vou trabalhar para
melhorar o atendimento à saúde, por uma escola de melhor qualidade e a defesa
dos desamparados.” Quando ouço isso reproduzido pelos trezentos ou quase isso candidatos
a vereador em minha cidade , que tem cerca de dezenove vagas e de ter na
memória que isso se repete há décadas, e nada mudou até o dia de hoje,e ainda
por cima, ver pastores cedendo o púlpito para os discursos e ou apresentações
vazias de programas políticos, pedindo votos. Diante de tanto descaso consigo
compreender o chorar de Jesus Cristo por Jerusalém...
Vivemos uma vida divorciada da fé, em nossas manifestações, nos
domingos, ou em dias de ir à igreja, nessas oportunidades somos religiosos, nos
dias de semana, vestimos outras roupagens e vivemos outros interesses, quase
sempre separados do cristão e ou louvadores que dizemos ser, este fica para
nossa manifestação na igreja, fora dela, a vida é uma selva, quem pode mais
chora menos, afinal, “eu não nasci para ser cauda”.
O coração chega a doer e os olhos marejarem...
Que Deus possa nos perdoar em sua infinita misericórdia.
Saibam todos que a verdade quer queiramos ou não é que:
V.D.M.I.Ae.
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